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Américas Avançam na Luta Contra Doenças Imunopreveníveis

Por Maria Pia Palermo SÃO PAULO (Reuters) - As Américas registraram avanços em sua ação contra as doenças preveníveis por vacinas, segundo um relatório da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) divulgado ao término da 14a Reunião do Grupo Técnico Assessor de Doenças Imunopreveníveis (TAG), realizada em Foz do Iguaçu de 2 e 5 de outubro.

Entre as boas notícias divulgadas estão os nove anos que se passaram desde que o último caso de pólio foi detectado nas Américas e a interrupção da circulação do sarampo que está prestes a ocorrer. A organização, em acordo com os países membros, havia previsto a erradicação da doença até o final de 2000.

"O desafio agora é o controle do sarampo na República Dominicana e no Haiti, mas os governos desses países estão realizando fortes campanhas, o que significa que nossa meta poderá ser alcançada até o final do ano ou início do próximo", disse o médico Ciro de Quadros, diretor da Divisão de Vacinas e Imunização da Opas.

Até o dia 23 de setembro haviam sido confirmados 938 casos de sarampo na região, segundo o documento. República Dominicana e Haiti têm a situação mais preocupante. Até setembro, a Republica Dominicana tinha 187 casos confirmados. E no Haiti, casos de sarampo foram detectados no mês de março deste ano, contabilizando 354.

No Brasil foram 48 casos este ano, sendo a maioria no Estado de São Paulo. Mas o país acredita que vai conseguir cumprir com sua tarefa de erradicação.

Conforme especialistas, a doença é erradicada quando se interrompe a cadeia de infecção pelo vírus. Isso não significa, no entanto, a ausência total de casos.

Entre as recomendações do GAT/Opas, no que se refere aos cuidados com a disseminação da doença, está um apelo feito à comunidade internacional para que se acelerem as ações de controle do sarampo com o objetivo de reduzir sua disseminação e mortalidade.

O sarampo representa 30 por cento dos 3 milhões das mortes que ocorrem no mundo decorrentes de doenças capazes de ser prevenidas por imunização a cada ano.

A preocupação dos especialistas reunidos é com a possibilidade de importação para as Américas de casos do Japão, Alemanha, Itália e França.

OPAS Sugere que Grávidas Tomem Vacina Contra Rubéola

Outra doença que mereceu destaque durante a reunião foi a rubéola. Em 1999, 41 países registraram cerca de 60.000 casos. Quatro deles -- Brasil, México, Venezuela e Argentina -- somaram 86 por cento dos casos.

Entre as recomendações para a rubéola, os técnicos afirmaram que o uso da vacina em mulheres grávidas não representa riscos. Além disso concluíram que é importante ampliar a vacinação contra a doença em mulheres na idade fértil para evitar a síndrome da rubéola congênita (SRC).

"Isso reforça nossa estratégia para 2001, em que vamos ampliar a vacinação na idade fértil no país", segundo Jarbas Barbosa, diretor do Centro Nacional de Epidemiologia da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Sobre a aplicação durante a gestação da vacina contra a rubéola, cuja bula recomenda que mulheres só a tomem três meses antes de engravidar, o relatório diz que "há dados seguros que documentam a ausência de qualquer dano da vacina contra a rubéola durante a gravidez, pois não há risco conhecido de resultados adversos ao feto". Segundo Barbosa, o Brasil já adotava essa prática.

A rubéola é perigosa na gestação quando o vírus atinge o feto e o bebê nasce com vida pode apresentar problemas cardíacos sérios, catarata, cegueira, problemas hepáticos, além de outras malformações congênitas, explicou Quadros. "Isso, além do sofrimento, tem um custo social muito elevado para os países", acrescentou.

Em relação à pólio, não foi descartado o risco constante de importação da doença de países onde o vírus causador ainda está circulando. Recomendou-se que seja mantida a cobertura vacinal de 95 por cento em todos os municípios com a vacina oral, com campanhas anuais.

No Brasil, que adota as campanhas nacionais de vacinação contra a pólio desde 1980, a doença está erradicada e o último caso ocorreu em 1989.

Sinopse preparada por Reuters Health

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