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Vacina Contra Aids Deve Ser Testada na África do Sul em 2001

Por Jeremy Lovell

CIDADE DO CABO (Reuters) - A África do Sul começará no início do próximo ano testes clínicos com uma vacina para combater a epidemia do HIV/Aids, informou na quarta-feira o presidente do Conselho de Pesquisa Médica, Malegapuru Makgoba.

"Estou feliz por informar hoje que a vacina foi produzida", disse Makgoba em entrevista coletiva convocada para divulgar o relatório anual do Conselho.

"A vacina está sendo submetida a testes pelo Conselho de Controle de Medicamentos e, no máximo, até o começo de fevereiro a fase 1 dos testes clínicos deve estar em andamento", disse Makgoba.

O representante do Conselho informou que a vacina contra a cepa C usa um vetor da encefalite equina venezuelana e foi desenvolvida em conjunto pelos Estados Unidos e pela África do Sul. No Brasil as cepas mais frequentes são a B e ao C.

Conforme a porta-voz do Conselho, Michelle Galloway, a fase um dos testes clínicos poderia envolver um grupo de pessoas que seriam monitoradas por um ano para avaliar os seus efeitos adversos.

A iniciativa poderia ser seguida por testes mais abrangentes com duração de diversos anos, mas o país ainda espera produzir uma vacina contra o vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) que esteja disponível até 2005.

"É uma meta ambiciosa, mas ainda é nosso objetivo", disse a porta-voz. O Conselho Médico informou que havia oito vacinas em estágios diferentes de desenvolvimento.

"Espera-se que uma vacina bem-sucedida contra o HIV/Aids tenha o potencial de salvar a vida de cerca de 20 milhões de pessoas durante a primeira década de seu uso", informou o Conselho.

O presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, tem sido criticado por se recusar a admitir a ligação entre o HIV e a Aids.

Mbeki disse ao Parlamento no mês passado que foi provado medicamente que um vírus como o HIV não poderia causar uma síndrome como a Aids.

Makgoba, um crítico severo da posição do presidente sobre o assunto, rebate as declarações de Mbeki. "Esta síndrome é causada por um vírus", Makgoba disse à Reuters depois da entrevista coletiva.

Mbeki, cuja credibilidade está muito abalada pela polêmica, complicou mais o assunto ao declarar durante a conferência internacional sobre Aids, realizada em Durban em julho, que a pobreza, mais que o HIV, era a maior causa da Aids.

Em meio a essa confusão resultante da polêmica sobre a causa da doença, há muitos relatos de pessoas que abandonam o uso de drogas anti-retrovirais que combatem a infecção por HIV, sob o argumento de que não há um vínculo comprovado.

Mbeki tem acusado os meios de comunicação de causar a crise e seus ministros acabam sendo forçados a realizar uma "ginástica verbal" para não ter de confirmar uma ligação entre o vírus e a doença.

Sinopse preparada por Reuters Health

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