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Substância Retirada de Aranha Poderá Ser Usada em Antibiótico

SÃO PAULO (Reuters) - Uma substância extraída da aranha caranguejeira estudada no Brasil mostrou ter ação mais rápida do que os antibióticos convencionais. Segundo a pesquisadora Sirlei Daffre, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), da Universidade de São Paulo (USP), a gomesina poderá ser usada para ajudar a combater a resistência a antibióticos.

"No geral, os antibióticos agem internamente, enquanto a gomesina age na membrana celular", explicou Daffre.

A pesquisadora disse que o uso da substância contribui para a solução do problema da resistência a antibióticos. "O importante é que, como a gomesina é mais rápida, ela dificulta a seleção de microorganismos resistentes às drogas", acrescentou a pesquisadora.

A gomesina, um peptídeo, é um antibiótico natural da aranha caranguejeira, que a protegendo contra infecções.

A análise da gomesina é resultado de um estudo coordenado por Daffre, em conjunto com o Instituto de Química da USP e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O estudo conta ainda com a colaboração do pesquisador Philippe Bulet, do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), na França.

Em testes "in vitro", a atuação da substância também mostrou-se bastante abrangente, combatendo 24 espécies de bactérias, nove fungos e cinco leveduras.

"Até agora, a gomesina tem-se mostrado bastante eficiente", afirmou Daffre à Reuters.

Segundo a pesquisadora, no caso de uso comercial da gomesina, existe a possibilidade de extração em larga escala por meio de reação química em laboratório ou de recombinação genética.

"Através da recombinação, o gene da gomesina pode ser introduzido em uma bactéria, por exemplo", explicou a pesquisadora.

Ela afirmou, no entanto, que não há previsão para a realização de testes em animais e seres humanos. "Não temos condições de desenvolver os testes na USP e estamos esperando a manifestação de interesse da indústria farmacêutica ou de laboratórios de pesquisa para o prosseguimento dos testes", disse a pesquisadora.

Daffre acrescentou que o estudo isolou outros três peptídeos, em carrapatos e aranhas, que também formam uma barreira contra microorganismos invasores. Ela disse ainda que diversos peptídeos de insetos estão sendo estudados em todo o mundo para uso antibiótico.

"Além disso, algumas empresas, nos Estados Unidos e no Canadá, estão iniciando testes em humanos com a protegrina -- peptídeo extraído de leucócitos de suínos -- para o tratamento de úlcera da mucosa bucal e com o MBI-226, para esterilização em cirurgias em que é utilizado cateter com o objetivo de prevenir infecções", disse Daffre.

Sinopse preparada por Reuters Health

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