Artigos de saúde

Asma ou Bronquite

Orientação e tratamento podem melhorar qualidade de vida do asmático

A asma é uma doença primariamente inflamatória das vias aéreas, com episódios recorrentes de tosse, sibilância e dispnéia, freqüentemente associada à responsabilidade brônquica aumentada e a uma limitação das vias aéreas.

Mundialmente, a prevalência da asma triplicou nos últimos 30 anos, a informação é da especialista em alergologia, Dra. Ana Maria Mendes. Segundo ela, esta é uma das doenças mais comuns na infância, sendo ainda responsável por um grande número de atendimentos de urgência e internações em todo o país, chamando a atenção dos meios médicos e da saúde pública para a necessidade de programas educativos e preventivos que possam reduzir as chamadas hospitalares e de urgência. Em ambulatórios gerais, a asma é também responsável por grande parte das consultas. No Brasil, ocorrem, a cada ano, 2.000 óbitos por asma.

O gasto anual com as internações por este problema de saúde está em torno de 76 milhões de reais. Isto representa o terceiro maior valor de gastos do SUS - Sistema Único de Saúde em todo o país com uma doença. Em nosso meio, os custos indiretos, como a falta escolar, perda de produtividade e mortes precoces por asma não são bem definidos.

Atualmente há uma evidência considerável de que a alergia é um pré-requisito importante para o desenvolvimento da asma. Pelo menos 70 a 90% dos asmáticos na infância acima de 4 - 5 anos de idade apresentam evidência de alergia, havendo geralmente uma história familiar positiva. Além disso, as infecções virais, o refluxo gastroesofágico e os poluentes ambientais são também considerados fatores de risco. "Cerca de 70% das pessoas com problemas respiratórios são afetadas por alérgenos ou irritantes presentes no ambiente"

O afastamento dos alérgenos, através de uma variedade de estratégias, pode resultar em uma diminuição da hiperatividade brônquica, dos sintomas da asma e da necessidade de medicamentos antiasmáticos. A remoção total de exposição à fumaça do cigarro é uma recomendação essencial.

A gravidade da asma é estabelecida de acordo com a freqüência dos sintomas e sua intensidade. Várias têm sido estas classificações, baseadas nos diferentes consensos internacionais; entretanto, recomenda-se o uso daquela que divide a gravidade da asma em leve, o que representa 60% dos casos, moderada com 25 a 30% dos casos e grave com um total de 5 a 10% dos casos.

Tipos

Segundo a médica a asma ou bronquite leve, geralmente tem como sintomas, o chiado, aperto no peito, falta de ar, tosse. Nenhuma destas situações acontecem menos de duas vezes por semana. Os exercícios acompanhados do uso de broncodilatadores, podem melhorar rapidamente os sintomas. As crises normalmente têm a duração de pelo menos um dia por mês e o pico de fluxo expiratório (PFE) é maior do que 90% do que o previsto.

Nos casos de asma moderada, os sintomas acontecem mais de duas vezes por semana, mas não são contínuos e durante as crises é necessário, o uso de corticóides sistêmicos para seu controle ou de internações. Além disso, os portadores deste tipo de asma apresentam sintomas noturnos através da interrupção do sono - o mais comum. Nestas situações, geralmente são usados os broncodilatadores, além de um pico expiratório entre 75 e 90% do valor previsto.

Nas pessoas com asma grave, geralmente os sintomas são contínuos, o que pode provocar um prejuízo nas atividades diárias desses indivíduos. Nas situações de crise, explica a médica, com risco de vida é necessário a internação e o uso freqüente de corticóides sistêmicos.

Medicamentos

Dra. Ana Maria explica que os medicamentos para o tratamento da asma são divididos em dois grupos: os utilizados para o controle da doença, mantendo o paciente assintomático, e os de alívio, utilizados para melhora rápida dos sintomas agudos e das crises. A medicação de controle mais eficaz tem ação antiinflamatória. O conhecimento inadequado sobre asma, alerta a médica, está associado às altas taxas de morbidade e mortalidade.

De uma maneira geral, a asma é ainda subdiagnosticada e subtratada em muitas partes do mundo e em outras partes existe um tratamento exagerado da asma leve. Portanto, duas estratégias são necessárias: a educação profissional e os programas educacionais para pacientes, suas famílias e outras pessoas envolvidas no cuidado do asmático, lembra a especialista.

Alguns pontos importantes devem ser abordados. "Não há cura para asma, mas há um excelente tratamento que pode permitir a quase todos os asmáticos uma vida dentro da normalidade. A asma é raramente fatal, mas nos casos em que ela é, quase sempre há um tratamento inadequado ou uma falha em seguir os tratamentos e conselhos médicos. Morrem muito mais pacientes por não receberem tratamento adequado, do que o contrário. Em doses, tempo e vias convencionais, estas drogas não são lesivas para o paciente", destaca.

A adesão ao tratamento é essencial. As maiores causas do controle inadequado da asma e as conseqüentes complicações acontecem devido às falhas ao tomar a medicação prevista e ao utilizar adequadamente os dispositivos de inalação.

Como a asma é a principal causa de morbidade por doença crônica na infância, é importante que os governos estejam conscientes de sua importância. "Maiores recursos são necessários para a introdução de programas efetivos de controle da asma, além disso, é preciso uma atenção particular que deve ser dada às minorias étnicas, que geralmente sofrem mais com doença do que grupos sociais mais fluentes".

Dra. Ana Maria frisa que se deve assegurar que qualquer médico que trate asma tenha habilidade para transmitir informações adequadas aos pacientes dos familiares e outros profissionais envolvidos no combate à doença. Por outro lado, programas educacionais devem ser desenvolvidos para ensinar técnicas de inalação e também para enfocar a necessidade do reconhecimento e tratamento precoce da asma.

Conselhos úteis

Uma vez que a maioria dos casos de asma é alérgica, principalmente na infância, algumas medidas devem ser tomadas. Segundo a médica, são cuidados fundamentais que podem influir na qualidade de vida do asmático, como por exemplo:

. Morar de preferência em lugares secos, quentes, longe de indústrias que soltem poeiras ou fumaças.

. Evitar locais úmidos com poeiras ou mofos (bolores) tais como, porões, adegas, bibliotecas, sótãos, etc.

. Não fumar e não ficar em ambientes onde haja fumantes.

. Procurar viver ao ar livre, praticar esportes (principalmente natação).

. Evitar contatos com animais: aves, cães, gatos, cavalos.

. No caso de ter que lidar com poeiras, bolores ou cheiros irritantes (cera, inseticida): usar máscara "tipo pintor" ou improvisar uma com pano úmido (lenço).

. Evitar medicamentos que contenham ácido acetil salicílico (A.A S.) ou seus derivados.

. Alguns pacientes devem evitar a ingestão de alimentos ou bebidas que contenham: corantes amarelos, alaranjados e vermelhos (tartrazina) e conservantes (sulfitos, benzoato de sódio).

. Se você tiver asma, tenha sempre em mãos um broncodilatador em spray.

No dormitório, procure sempre:

. Dormir em quarto ensolarado e bem ventilado.

. Não usar ceras, inseticidas, tintas, perfumes, produtos que exalem cheiros fortes, mesmo quando dentro de armários ou caixas.

.Tirar do quarto tudo que possa acumular poeira como: carpetes, tapetes, cortinas, estofados, almofadas, brinquedos de pelúcia, livros. etc.

.Usar colchão e travesseiro de preferência de espuma, forrados com capa de plástico impermeável (toda as camas do quarto). Não usar colchões e travesseiros de palhas, crina, algodão, etc.

. Tirar o colchão do estrado da cama duas vezes por mês e limpar com pano úmido.

. Não usar pijamas ou cobertores de lã ou pelos, sem que estejam forrados com capa de tecido impermeável ou plastificados.

. No final do verão, lavar ou expor ao sol as roupas guardadas.

. Limpar a tela do condicionador de ar a cada 15 dias e trocá-la a cada 3 meses.

Com relação a criança asmática, a médica recomenda:

. Considerar a criança asmática como uma criança normal, tanto nas crises de asma como nos intervalos. Dar-lhe amor e afeto constante. Não deixar que durma com os pais, mesmo durante as crises.

. Dirigir o interesse da criança para atividades permitidas. É aconselhável, além da prática de esportes e ginástica, a prática de outras atividades que desenvolvam a personalidade da criança.

. Evitar excessos de restrições, vigilância, tensões emocionais, castigos físicos e super proteção. Favorecer o desligamento gradativo e o aumento da independência em relação aos adultos na alimentação, no vestir, nas atividades escolares, etc.

. Evitar comentários e preocupações relativos à enfermidade. É importante um ambiente calmo no lar.

. Quando em crise, dar medicamentos prescritos pelo médico. Não havendo melhora, levar o paciente ao pronto socorro.

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