Notícias de saúde

Médicos Enfrentam Novo Paradoxo da Aids

WASHINGTON -(Reuters) - O sistema imunológico de alguns pacientes de Aids, que vinha sendo estimulado pelo coquetel de drogas anti-HIV, vem apresentando um surpreendente aumento de suscetibilidade a infecções, disseram pesquisadores norte-americanos.

Os cientistas da Universidade Thomas Jefferson, na Filadélfia, classificaram como um paradoxo médico a descoberta de que pacientes com Aids -- cujas condições têm melhorado graças ao tratamento com o coquetel de drogas -- estejam sofrendo com infecções oportunistas que não deveriam mais ser um problema para eles.

Em estudo divulgado na segunda-feira e publicado no Annals of Internal Medicine (Anais de Medicina Interna), os pesquisadores constataram que a "síndrome da reconstituição imune", algumas vezes fatal, se origina de uma inflamação produzida por esse sistema de defesa fortalecido como reação a bactérias ou vírus já presentes no organismo do paciente.

Os cientistas informaram que as causas da síndrome ainda são desconhecidas. Os especialistas estão surpresos com o fato de as infeções afetarem os pacientes que estavam sendo beneficiados pela terapia anti-retroviral altamente ativa (Haart, sigla para higly active antiretroviral therapy), uma combinação de poderosas drogas anti-HIV.

Os médicos relataram no estudo como começaram a identificar pacientes com uma infecção típica sofrida por pacientes com HIV - a infecção por "Mycobacterium avium", causador da tuberculose em galinhas e outras aves.

"A infecção não aparecia em doentes em estágios terminais de Aids que não estavam tomando anti-retrovirais e Haart, mas justamente nos que estavam melhorando e tomando o Haart", declarou Joseph DeSimone, da Universidade Thomas Jefferson.

Segundo DeSimone, alguns médicos receitam antibióticos para tratar dessas infecções oportunistas, enquanto outros prescrevem antiinflamatórios, mas há também quem opte por reduzir o tratamento com a Haart.

"Ninguém sabe ao certo o que fazer com essa síndrome", disse DeSimone. O estudo concluiu que seria difícil realizar pesquisas controladas para descobrir medicamentos específicos para combatê-la, por causa da "manifestação atípica e esporádica dessas reações", diante do grande número de doentes que usa o coquetel anti-Aids.

Há pouco mais de um ano, os pesquisadores começaram a observar pacientes com HIV desenvolvendo infecções quando menos se esperava. Os médicos, então, decidiram vasculhar a literatura médica e consultar colegas para verificar se outros doentes apresentavam quadros similares.

Os especialistas verificaram que médicos de outros hospitais também estavam diagnosticando infecções como retinite por citomegalovírus (CMV) e cegueira relacionadas com a Aids.

"A cegueira relacionada à Aids de que alguns pacientes sofriam estava melhorando e seu estado geral também evoluía positivamente quando iniciavam o tratamento com a HAART", disse Timothy Babinchak, diretor clínico de doenças infecciosas do Hospital Universitário Thomas Jefferson.

"Depois, o estado desses pacientes parecia se agravar. Era outro processo, não necessariamente provocado pela reativação do CMV. Era uma reação inflamatória à infecção por CMV que já estava no organismo", explicou o especialista.

Sinopse preparada por Reuters Health

Copyright © 2000 Reuters Limited. All rights reserved. Republication or redistribution of Reuters Limited content, including by framing or similar means, is expressly prohibited without the prior written consent of Reuters Limited. Reuters Limited shall not be liable for any errors or delays in the content, or for any actions taken in reliance thereon.

Faça o seu comentário
Comentários