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15 de outubro de 2010 (Bibliomed). Quando assistimos à saída dos 33 homens que ficaram 69 dias a 700 metros de profundidade na mina San Jose, no Chile, um detalhe chamava a atenção a cada resgate: todos deixavam a cápsula Fênix 2 usando óculos escuros. Dotados de lentes com radar polarizado, conforme foi informado, esses óculos tem uma importante função de proteção e readaptação à luz natural. De acordo com os especialistas do Hospital Oftalmológico de Brasília, os mineiros precisarão passar por uma espécie de descompressão, com readaptação em várias áreas do organismo, e os olhos estão entre os alvos dos impactos.
O organismo humano tende a se adaptar às situações mais adversas, e neste caso, o longo tempo de ausência de luz natural provocou alterações no organismo dos mineiros. O oftalmologista Canrobert Oliveira explica que a função dos fotorreceptores neuronais responsáveis pela visão no ambiente claro e visão de cores - chamados cones - trabalharam em situação basal, enquanto os bastonetes, responsáveis pela visão no escuro, foram muito exigidos. Ao voltar à superfície, eles não estavam preparados para enfrentar o impacto da luminosidade. Por isso, segundo o especialista, a adaptação do organismo para utilização desses pigmentos deve ser gradual.
"Nossos olhos são cenário de uma grande combustão bioquímica decorrente da sua função fotossensível”, explicou o oftalmologista. “Suas membranas transparentes são alvo dos raios ultravioleta, especialmente os do tipo B, mais nocivos. A ação desses raios é extremamente oxidante e os produtos dessas reações determinam danos irreparáveis se as vitaminas A, E, C e a riboflavina - antioxidantes primários -, não forem consideradas na alimentação balanceada que receberam. A rodopsina, pigmento derivado da vitamina A, consumida na função de enxergar, foi, nesse período, pouco utilizada pelos cones, mas violentamente consumida nos bastonetes", acrescentou o especialista
Diante desse desequilíbrio, o oftalmologista explica que os óculos com lentes polarizadas são importantes, pois acrescentam um diferencial nessa readaptação do organismo, filtrando até 99% do brilho ou luz refletida na horizontal, muito comum no amanhecer e no crepúsculo, e deixando passar apenas a luz vertical. “Considerando que a musculatura da íris, responsável pelo fechamento da pupila quando os olhos são expostos à luz, permaneceu praticamente em desuso nesses 69 dias, as lentes que filtram os raios UVA e UVB também são extremamente importantes na proteção das lentes naturais do olho, córnea e cristalino, e também dos neurônios da retina”, conclui.
Fonte: ATF Comunicação Empresarial. Press release. 14 de outubro de 2010.
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