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SÃO PAULO (Reuters) - Médicos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo adotaram um método inédito no país para tratar crianças com disfunção urinária. A técnica consiste no uso de um equipamento de biofeedback, que tem a função de ensinar a criança a urinar corretamente.
"Este é o único método disponível para tratar o problema em crianças", disse à Reuters na segunda-feira o médico Flavio Trigo Rocha, responsável pela nova técnica no hospital.
De acordo com Flavio Rocha, 40 por cento das crianças tratadas no ambulatório de urologia do hospital apresentavam infecções e perdas urinárias persistentes sem causa anatômica.
"Percebemos que essas crianças tinham o hábito de contrair o esfíncter - o músculo da bexiga - como forma de controle da urina, o que, além de não ser natural, tem como consequência infecções, perdas repetidas e até mesmo lesão no rim", afirmou Rocha.
O tratamento é feito com o uso de eletrodos, que registram a atividade do esfíncter e mostram o exato momento em que a criança o contrai. "Nós mostramos isso à criança e a ensinamos a urinar corretamente, ou seja, relaxando o esfíncter durante a micção", explicou Rocha, que já tratou pelo novo método 30 crianças entre 4 e 11 anos nos último dois meses.
"Este é um método muito em voga para crianças e idosos, pois não tem efeitos colaterais. Um consenso da Organização Mundial de Saúde (OMS) elegeu o equipamento de biofeedback como o primeiro método de escolha para o tratamento de incontinência urinária em idosos", disse Rocha, acrescentando que o método também é utilizado para o tratamento de incontinência urinária em adultos.
Segundo Rocha, normalmente, o surgimento da disfunção urinária em crianças tem um componente psicológico e fatores como falta de estrutura familiar, pais separados e pressão para que a criança controle fezes e urina precocemente contribuem para o problema.
O ideal, de acordo com o médico, é que a criança desenvolva a função de controle do ato de urinar naturalmente, o que ocorre entre 2 a 4 anos. "As crianças não devem sofrer pressão para controlar a micção. Elas devem desenvolver sua consciência de quando urinar naturalmente", afirmou Rocha.
O novo tratamento será apresentado no 1o. Congresso de Urologia da Universidade de São Paulo, entre 31 de agosto e 2 de setembro em São Paulo.
Sinopse preparada por Reuters Health
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