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Tese investiga polêmica sobre supressão da menstruação

26 de Maio de 2003 (Bibliomed). A polêmica criada em torno do uso de contraceptivos hormonais com o objetivo de suprimir a menstruação é o tema da dissertação de mestrado da antropóloga Daniela Tonelli Manica, defendida recentemente junto ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. A pesquisadora observou que os argumentos contrários e favoráveis ao método normalmente baseiam-se nos conceitos de natureza e cultura, o que, na sua opinião, não são suficientes para explicar a relação da mulher com seu próprio corpo e com as inovações proporcionadas por uma sociedade cada vez mais tecnológica.

Segundo a pesquisadora, a supressão da menstruação já era possível desde o advento da pílula, nos anos 1960. Mas por causa da polêmica gerada na época, os laboratórios decidiram “naturalizar” o medicamento para que ele fosse mais bem aceito e fizeram com que ele não tivesse a função de estancar o sangramento. Somente em 1999, contraceptivos hormonais com a proposta de livrar a mulher do que seria um incômodo mensal passaram a ser mais amplamente divulgados e comercializados – sempre associando a supressão da menstruação a mais uma das necessidades da mulher moderna.

Por outro lado, uma parcela dos médicos tem se utilizado do conceito de cultura para explicar a ocorrência dos sangramentos mensais, argumentando que a menstruação não é um fenômeno natural, uma vez que a mulher nasceu para parir uma vez ao ano e, sendo assim, jamais sangraria mensalmente. Como dar à luz todo ano vai contra uma série de exigências da vida moderna, as mulheres lançaram mão de métodos para controlar a reprodução, o que teria, segundo eles, resultado na menstruação. Dessa forma, “ao evitar os sangramentos mensais, as mulheres estariam reproduzindo o estado de natureza – gravidez e amamentação contínuas”, esclareceu. Os defensores dessa teoria afirmam, ainda, que a menstruação é uma potencial causadora de doenças, como a endometriose. Já a corrente contrária a esse pensamento considera o sangramento mensal natural e que tudo o que é natural é melhor ou mais seguro do que o artificial.

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