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Câncer de intestino: prevenção fácil, mas ignorada

11 de Abril de 2003 (Bibliomed). Um exame simples e disponível na rede pública de saúde pode identificar precocemente lesões pré-cancerígenas no intestino, o que fundamental para combater a doença. Estudos internacionais demonstram que a pesquisa anual periódica de sangue oculto fecal em pessoas com mais de 45 anos reduz a mortalidade por câncer intestinal em 16%. No entanto, a prática ainda é pouco indicada nas consultas médicas, o que acaba atrasando ou confundindo muitos diagnósticos.

Uma pesquisa feita pelo Serviço de Oncologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC/UFMG) demonstrou o baixo índice de indicação desse exame, tanto na rede pública como na particular. Participaram dos estudos 101 pacientes em tratamento do câncer de intestino – 60 homens e 41 mulheres, com idade de 25 a 91 anos –, 47 atendidos pelo Hospital das Clínicas e 54 pessoas em tratamento na rede particular, no Centro Avançado de Tratamento Oncológico.

Dos 101 pacientes acompanhados, apenas dois passaram pelo exame de sangue oculto nas fezes em fase precoce. Em 14 pessoas, o diagnóstico foi realizado durante cirurgia de emergência, devido a uma obstrução intestinal provocada pelo tumor. Pela falta de acesso à prevenção, 64% dos portadores estudados descobriram a doença em estágios avançados – 17% deles já apresentavam metástase (presença de tumor em outros órgãos, como fígado ou ossos), caso em que a doença é considerada incurável.

O resultado da pesquisa será encaminhado ao Ministério da Saúde para motivar uma campanha a favor do exame de sangue oculto nas fezes. Na avaliação do coordenador do Serviço de Oncologia do HC/UFMG, André Murad, falta incentivo e divulgação sobre o exame entre a população, já que nem os próprios médicos estão totalmente esclarecidos. Nas faculdades, a matéria de oncologia é optativa e há poucas vagas por semestre. Para Murad, o exame de sangue oculto deveria ser incorporado à rotina, como o preventivo de colo de útero, o Papanicolau e a dosagem do colesterol.

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