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Portadoras do HIV têm seis vezes mais chance de ter infecção pós-parto depois de cesárea

28 de Março de 2003 (Bibliomed). O Ministério da Saúde estima que 65% dos casos de transmissão materno-fetal (TMF) do vírus HIV ocorram entre o trabalho de parto e o nascimento da criança. Mas, se de um lado a cesárea diminui as chances de contaminação do bebê, de outro ela aumenta em seis vezes a taxa de morbidade febril puerperal – processo infeccioso denunciado pela febre que acomete a mulher depois de passadas as primeiras 24 horas após o parto.

A conclusão é da pesquisadora Andréa de Marcos, que analisou informações como duração do trabalho e vias de parto, número de CD4 (células de defesa), tempo de amniorrexe (ruptura da membrana amniótica, que envolve o embrião) e carga viral da mãe, para realização de sua tese de doutorado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A pesquisadora analisou 207 gestantes portadoras do vírus que fizeram pré-natal no Núcleo de Patologias Infecciosas na Gravidez (Nupaig) e parto no Hospital São Paulo entre maio de 1997 e dezembro de 2001. Do total de grávidas, 32 (15,4%) tiveram o bebê por meio do parto vaginal e 175 (84,6%) foram submetidas a uma cesárea – sendo 130 cirurgias eletivas, isto é, realizadas antes que a mulher entrasse em trabalho de parto.

Segundo o estudo, a morbidade febril puerperal atingiu 16,4% das pacientes (34 casos), sendo 18,9% das submetidas a uma cesárea (33) e 3,1% das que tiveram o bebê via parto vaginal (1). Não houve diferença significativa entre o grupo que fez cesárea eletiva e não eletiva. As taxas de infecção foram, respectivamente, de 19,2% e 17,8%. Dos 34 casos de infecção, 7 foram classificados de complicações maiores e estavam relacionados a doenças como trombose venosa profunda e pneumonia. Os outros 27 foram mastite (infecção das glândulas mamárias), endometrite e infecção da cicatriz da cirurgia – este último atingiu 13% das mulheres.

Estima-se que a taxa de infecção seja ainda mais alta em populações que não têm acesso ao pré-natal, já que as mulheres que participaram do estudo foram acompanhadas durante toda a gravidez e o número de gestantes imunodeprimidas no momento do parto era baixo (17,6%). Para a pesquisadora, o estudo reforça a importância de um pré-natal bem feito, principalmente entre as mulheres com HIV. “Com a doença sob controle é possível optar pelo parto vaginal sem que haja riscos de transmissão do vírus para a criança e diminuir as chances de infecção da mãe”, explicou.

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