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Primeira vacina anti-Aids decepciona cientistas

28 de Fevereiro de 2003 (Bibliomed). A primeira vacina anti-Aids testada em seres humanos foi capaz de reduzir os riscos de infecção pelo HIV em apenas 3,8% dos casos. De fabricação americana, a VaxGen foi a única a chegar à fase 3 de pesquisa, o último passo antes de ser aprovada para a comercialização. Para que pudesse chegar ao mercado teria que proteger pelo menos um terço dos voluntários estudados.

A VaxGen foi pesquisada durante três anos, inclusive no Brasil, e testada em mais de 5 mil voluntários. Como os homossexuais e as mulheres fazem parte do maior grupo de risco, eles predominaram na pesquisa. Aqueles que não tinham o HIV no início da pesquisa receberam sete injeções durante o estudo, alguns a VaxGen e outros placebo. Os voluntários – 5 mil homens e 400 mulheres – foram monitorados desde 1998, para verificar se eram contaminados pelo vírus.

Entre os negros e os asiáticos, a VaxGen mostrou-se muito mais eficiente que a média: aqueles que tomaram a vacina apresentaram 67% a menos de infecção do que os que receberam o placebo. Mas esses dois grupos testados foram menores do que os demais, e serão necessários mais testes para comprovar a eficácia da vacina, já que o maior grau de proteção pode não ter tido nada a ver com a imunização em si, e sim com um maior acesso a políticas de prevenção, por exemplo.

“Embora a vacina não tenha protegido os cinco mil indivíduos, há uma sugestão de que ela aumentou os níveis de anticorpos nos asiáticos e nos negros. Se for confirmado que foi possível pela primeira vez aumentar o nível de anticorpos em grupos de seres humanos não-brancos, trata-se de um resultado excelente”, avaliou o pesquisador brasileiro Mauro Schechter.

A VaxGen usa cópias de pedaços sintéticos de dois subtipos do HIV encontrados no Ocidente. Testes realizados durante vários anos em macacos mostraram que a vacina não oferece risco de infectar quem a recebe. Ela também está sendo testada no Brasil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mas de modo diferente. “Estamos estudando as reações imunológicas e não a eficácia da vacina”, explicou Schechter, que realiza pesquisas financiadas pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH). Estima-se que o HIV mate mais de três milhões de pessoas por ano no mundo e que apenas um terço dos pacientes recebe tratamento de forma adequada.

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