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"Ritalina não causa dependência", dizem cientistas

15 de Janeiro de 2003 (Bibliomed). Durante anos, os pesquisadores acreditaram que um medicamento pediátrico, conhecido no Brasil como Ritalina, seria quimicamente parecido com a cocaína e que seu uso prolongado poderia viciar os pacientes, levá-los ao consumo de drogas e, até mesmo, à morte. Mas um novo estudo, publicado recentemente na revista Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria, mostrou que a Ritalina não causa dependência. De acordo com o neuropediatra Abram Topczewski, do Hospital Albert Einstein de São Paulo, a Ritalina é uma anfetamina conhecida há cerca de 40 anos e em nada tem a ver a cocaína. “Há dez anos trato pacientes com essa medicação e não conheço nenhum caso de vício nem do remédio e nem de drogas, muito menos de morte”, conta.

O medicamento é utilizado principalmente em crianças que apresentam hiperatividade ou déficit de atenção, um distúrbio caracterizado pela dificuldade de concentração. “Esse distúrbio não afeta a inteligência, mas traz dificuldades de aprendizado e até de convívio social, porque são crianças que não conseguem ficar quietas e acabam incomodando os outros”, explica Topczewski. Segundo Luiz Celso Vilanova, chefe do setor de neurologia infantil da Universidade Estadual de São Paulo (Unifesp), a Ritalina é usada em larga escala em países como os Estados Unidos e mais restritamente em outros países, caso do Brasil. “Não sei o número de pessoas que usam aqui, mas há um controle rigoroso para a compra, que só pode ser feita com um receituário fornecido pela Secretaria de Saúde”, diz Vilanova.

Todo esse cuidado tem um motivo. Embora não provoque dependência, a Ritalina é um estimulante do sistema nervoso central e, como todo medicamento, produz efeitos colaterais, sendo o mais comum a falta de apetite. “O médico tem que supervisionar o tratamento, mas a Ritalina é muito eficaz no controle do distúrbio, sendo interrompida depois de alguns anos de uso”, comenta Topczewski. Os especialistas alertam para os perigos do uso indiscriminado do medicamento e recomendam que os pacientes tenham cuidado ao escolher o médico.

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