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Dependentes de drogas devem ter tratamentos diferenciados

26 de Dezembro de 2002 (Bibliomed). O dependente químico só se considera doente quando não consegue mais viver direito, trabalhar ou se relacionar com outros. Foi o que observou o enfermeiro Josenaldo Pereira da Silva, no estudo “O Farmacodependente e a internação psiquiátrica”, recentemente apresentado na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Na pesquisa, Silva buscou entender como os pacientes internados para tratamento da dependência de drogas vêem sua situação dentro da internação e o que pensam a respeito de sua condição, e descobriu que, muitas vezes, a dependência é vista como um problema moral e não de saúde.

Entre julho e agosto de 2001, Silva entrevistou e analisou sete pacientes – cinco homens e duas mulheres – internados no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. O enfermeiro percebeu que os pacientes encaram o tratamento de modo contraditório. “Por um lado sentem-se como em uma prisão, sem liberdade, mas por outro, estão protegidos e sentem-se finalmente aceitos. Ao mesmo tempo em que querem estar aqui, querem sair”, conta. Esse sentimento desperta muitas inquietações entre os pacientes que, ora não se consideram doentes e não querem estar em uma prisão, ora gostam de não sofrer com o preconceito do mundo exterior.

O pesquisador lembra que os dados não devem ser generalizados e muitas variáveis devem ser investigadas, mas ressalta a necessidade de novas formas de lidar com essas pessoas, buscando ser mais compreensivo com as diversas manifestações de comportamento. “O que não quer dizer que vamos concordar com o uso de drogas. Podemos observá-lo e tratá-lo de forma diferente, e compreender que ele não se sente bem durante a internação, mas ao mesmo tempo tenha medo de sair. Tudo isso nos leva a pensar em uma forma de tratamento melhor, em novas estratégias que não sejam apenas o hospital psiquiátrico”, observou, acrescentando que não há cura para a dependência. O que se pode fazer é dar apoio e estrutura para que o paciente consiga manter a abstinência.

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