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Novo método protege cérebro durante cirurgia e no pós-operatório

28 de Novembro de 2002 (Bibliomed). Uma bolsa de gelo é suficiente para proteger a integridade do cérebro durante ou após uma cirurgia neurológica, afirmou o pesquisador Mirto Nelso Prandini, professor adjunto da disciplina de Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que desde 1999 estuda um novo modelo de hipotermia – método antigo de resfriamento local usado para reduzir o consumo energético e o metabolismo das células, diminuindo o processo inflamatório e os edemas no local da lesão.

No estudo, o pesquisador provocou uma lesão no cérebro de 20 coelhos, bloqueando a passagem sangüínea de uma das principais artérias cerebrais. Metade desses animais não recebeu nenhum tipo de tratamento e a outra metade foi submetida a uma hipotermia regional imediata, com a colocação de uma bolsa de gelo diretamente no couro cabeludo, sem a proteção de parte do crânio, que funciona como isolante térmico do cérebro. Depois de uma hora e meia, cinco dos dez animais que receberam a hipotermia não apresentaram lesão e nos outros cinco o volume médio das lesões foi de 41,3 mm. No grupo que não recebeu hipotermia o tamanho da lesão foi quase 70% maior.

Segundo o pesquisador, a nova técnica é mais simples e tão eficaz quanto os métodos tradicionais – como o da hipotermia por circulação extracorpórea – com a vantagem de não precisar de equipamentos especiais e de não trazer complicações ao paciente. "O resfriamento total do corpo pode desencadear problemas como arritmias cardíacas, desequilíbrio dos sais minerais no organismo ou elevação dos níveis ácidos do sangue no pós-operatório. Nos casos mais graves, pode até mesmo provocar a morte", disse.

A hipotermia por circulação extracorpórea é realizada com a ajuda de uma máquina responsável por fazer o papel do coração e do pulmão, reduz a temperatura corporal de 36ºC para cerca de 22ºC e evita que a falta de circulação sangüínea (isquemia) no local onde está sendo realizada a cirurgia prejudique as funções cerebrais. Um dos maiores problemas desse método é a normalização da temperatura corporal feita pela mesma máquina – o aquecimento do corpo tem que ser realizado lentamente, caso contrário pode ocorrer a formação de microbolhas no sangue.

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