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Vacina Contra Herpes é Eficaz em Mulheres

Por Keith Mulvihill

TORONTO (Reuters Health) - Pela primeira vez, cientistas desenvolveram uma vacina que ajuda a prevenir o herpes genital, mas que é eficaz somente em mulheres que nunca tiveram herpes simples.

A descoberta foi anunciada no domingo durante a Conferência de Intercientífica sobre Agentes Antimicrobianos e Quimioterapia, em Toronto, Canadá.

Mulheres vacinadas que não tiveram infecção anterior de herpes apresentaram uma redução de 73 por cento nos sintomas do herpes genital, comparadas a mulheres que receberam uma injeção inativa (placebo), de acordo com os pesquisadores da SmithKline Beecham, na Bélgica.

A vacina foi testada em cerca de 3.000 pessoas que tinham relações com um parceiro com herpes genital.

Cerca de 3 por cento desenvolveram herpes genital após tomar a vacina, comparadas a cerca de 11 por cento dos que receberam injeção de placebo. Outros 3 por cento das que receberam a vacina ficaram infectadas, mas nunca desenvolveram lesões genitais.

"Pela primeira vez, compreendemos o vírus do herpes, algo que podemos seguir e utilizar para entender a doença e como vacinar pessoas contra ela", disse Spotswood Spruance, da Universidade de Utah, na cidade de Salt Lake, um dos principais pesquisadores que testou a vacina.

"Existe uma epidemia de herpes genital nos Estados Unidos", disse Spruance. "O número de pessoas cronicamente infectadas continua a crescer, apesar da disponibilidade de uma variedade de drogas antivirais, que têm efeitos no curso da doença", explicou o pesquisador.

"O desenvolvimento da vacina contra esta doença sexualmente transmissível seria extremamente valioso para a saúde pública", acrescentou Spruance.

O herpes é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pelo herpesvírus (HSV). Normalmente, o HSV do tipo 1 causa vesículas (bolhas) nos lábios e no rosto (herpes oral), enquanto o HSV do tipo 2 afeta a região genital (herpes genital).

Na maioria das vezes, o HSV-1 e o HSV-2 são inativos, ou "silenciosos", e não provocam sintomas, no entanto, algumas pessoas infectadas apresentam surtos periódicos de vesículas ou úlceras. Uma vez que a pessoa se infecta com o HSV, ela fica contaminada pelo resto da vida.

Nos Estados Unidos, 45 milhões de pessoas com 12 anos ou mais, ou uma em cada cinco pessoas da população adolescente e adulta total, estão infectadas com o herpes genital.

Os pesquisadores destacam que têm sido realizadas várias tentativas para se produzir uma vacina contra o herpes, mas nenhuma delas com sucesso.

No estudo da vacina, os participantes -- dos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Itália e Nova Zelândia -- foram acompanhados por 19 meses.

Em um dos estudos, os parceiros que não apresentavam herpes genital nunca haviam se infectado com o HSV-1 ou o HSV-2, enquanto o outro grupo de parceiro tinha o HSV-1, mas não o HSV-2.

Ao final, descobriu-se que a vacina não protegia homens nem mulheres que já apresentavam o HSV-1. A vacina, no entanto, foi cerca de 73 por cento eficaz na prevenção de lesões de herpes genital em mulheres que nunca haviam sido infectadas com nenhuma forma do vírus.

"A infecção geral com o HSV-1 ou o HSV-2 foi reduzida em 45 por cento nas mulheres", destacou Spruance.

"Acreditamos que o mecanismo para redução da doença foi atingido pela diminuição da infecção", disse o pesquisador. E por que a diferença entre homens e mulheres?

"Não sabemos com certeza, no entanto, se a diferença anatômica pode desempenhar algum papel. A vagina contém fluidos que podem conter funções de anticorpo que reagem contra o vírus quando ele é depositado", sugeriu Spruance.

"Nos homens, não existe essa cavidade fluida e eles tendem a contrair o herpes através de uma lesão na pele do pênis, fazendo com que eles sejam menos capazes de atacar e matar o vírus", acrescentou o pesquisador.

Devido ao fato de uma grande porcentagem da população já estar infectada com o HSV-1, Spruance destacou que, muito provavelmente, a vacina será eficaz se for dada a meninas adolescentes.

"Minha preferência seria imunizar as adolescentes de 10 a 13 anos", disse o pesquisador.

"Acreditamos que este é um grande desenvolvimento que demostra claramente que uma vacina contra o herpes genital pode proteger pessoas contra a doença do herpes genital; ou seja, o desenvolvimento dos sintomas", disse Lawrence Stanberry, da Universidade do Texas, em Galveston, que também testou a vacina.

"O fato de termos encontrado este efeito específico de gênero em dois testes diferentes e a implicação em todas as vacinas contra DST é surpreendente", afirmou Stanberry. "Com certeza, vamos precisar de muitas pesquisas para verificar se estas diferenças específicas de gênero serão as mesmas para outras vacinas contra DST".

Sinopse preparada por Reuters Health

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