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Anabolizante utilizado indevidamente em academias de ginástica se mostra eficaz no tratamento de osteoporose

Belo Horizonte, 21 de Março de 2002 (Bibliomed). Se os jovens costumam usá-lo indevidamente, as mulheres idosas poderiam utilizá-lo sem maiores problemas e até mesmo obtendo benefícios. O anabolizante decanoato de nandrolona mostrou-se eficaz no aumento da massa óssea de portadoras de osteoporose com mais de 70 anos, dificultando a descalcificação e prevenindo novas fraturas. Empregada indevidamente para a aquisição rápida de massa muscular por alguns adolescentes nas academias de ginástica, a substância foi apontada como uma droga eficaz e mais barata no controle do mal que aflige as mulheres após a menopausa.

O estudo foi conduzido pelo médico Alberto Frisoli Júnior para o desenvolvimento de sua tese de doutorado defendida nas dependências da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A pesquisa envolveu um grupo de 65 portadoras de osteoporose em coluna e/ou quadris com idades entre 70 e 81 anos que não estavam sendo tratadas. Em 32 dessas voluntárias, foram aplicadas 50 miligramas da droga, a cada três semanas, durante dois anos. A terapia com as injeções foi associada a 500 miligramas diárias de carbonato de cálcio, que também foram administradas nas demais mulheres (33). Essas últimas receberam placebo em vez de decanoato de nandrolona.

As mulheres que receberam o anabolizante tiveram ganho de massa óssea nos quadris, ao final do segundo ano de tratamento. Ao medir a variação da densidade óssea no trocânter (saliência na parte superior do fêmur), constatou-se que as usuárias do medicamento estavam com 5,3 pontos percentuais a mais em relação àquelas que receberam placebo (a maioria perdeu cerca de 2% de massa nos ossos). A diferença também foi perceptível após a avaliação da região do colo do fêmur, com ganho de 3,5 pontos percentuais. O ganho de massa muscular daquelas que fizeram uso do decanoato de nandrolona foi significativo, atingindo 11,9%.

O resultado se mostrou interessante quanto à prevenção de fraturas. A ocorrência de novas fraturas entre as mulheres que fizeram uso do anabolizante foi duas vezes menor que no grupo de mulheres submetidas ao placebo – 21% contra 43%.

O autor da pesquisa Alberto Frisoli Júnior lembra que os resultados se mostram mais interessante entre as mulheres acima de 70 anos e não entre as mais jovens. Outro aspecto importante é o preço mais acessível dessa substância no mercado, cerca de cinco vezes menor que o dos produtos utilizados em tratamento convencionais.

O autor do trabalho evidencia ainda um representativo aumento na sensação de bem-estar entre as pacientes que fizeram uso do anabolizante. Notou-se o aumento na taxa de hemoglobina (pigmento sangüíneo que realiza o transporte de oxigênio no sistema circulatório). A alteração resulta em melhor circulação, diminuição das dores, maior equilíbrio e mais disposição para as tarefas diárias. Entre os efeitos colaterais, estão a voz ligeiramente mais grave e crescimento anormal de pêlos (hirsutismo) durante a terapia.

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