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Piercing: uma moda que pode ser perigosa

Belo Horizonte, 15 de Janeiro de 2002 (Bibliomed). Nos Estados Unidos, um estudo feito entre estudantes universitários mostrou que 51% dos adolescentes tinham algum tipo de piercing. Foi o primeiro estudo que demonstrou que o número de adolescentes com piercing supera o número de adolescentes tatuados (23%).

O que pouca gente sabe é que o piercing é mais do que um acessório estético: é um corpo estranho colocado na intimidade dos tecidos, o que pode gerar complicações, principalmente se não forem seguidas as recomendações gerais de antissepsia e de segurança do material.

A região preferida para colocação dos piercings varia com o sexo: as mulheres preferem o umbigo (29% segundo o estudo) e as orelhas (27%), e os homens preferem as orelhas (27%).

Os piercings podem ser colocados nas mais variadas regiões, incluindo mamilos, lábios, nariz, língua e genitais. As principais complicações relatadas no estudo foram hemorragias, infecções e formação de quelóide (cicatriz), e atingiram um em cada cinco indivíduos com piercing.

A colocação dos piercings deve seguir normas de segurança utilizadas para procedimentos cirúrgicos: o material deve ser esterilizado de forma segura, a técnica deve ser asséptica e os cuidados após colocação também devem ser seguidos. O não cumprimento destas recomendações expõe o cliente aos mais variados riscos, desde aquisição de doenças infecciosas graves (hepatite C, HIV, hepatite B) até infecções inespecíficas e septicemia ( infecção generalizada).

Além dos riscos de infecção, dependendo da tendência individual de cada um, a colocação de um corpo estranho nos tecidos pode disparar uma resposta exagerada do organismo, levando à formação de um quelóide – cicatriz hipertrófica de aspecto estético indesejável – que pode ser muito difícil de tratar posteriormente.

O atrito provocado entre o piercing e os tecidos também pode disparar resposta inflamatória crônica, que pode, segundo alguns autores, ser um estímulo para a transformação maligna. Isto é particularmente observado nos piercings colocados na boca (bochechas e língua), que precisam ser constantemente observados em busca de alterações típicas destas condições.

Não houve relato, na pesquisa, de complicações advindas da prática de tatuagem.

Os pesquisadores concluem o estudo, publicado na revista Mayo Clinic Proceedings, dizendo que se o estudo for representativo da realidade geral, o piercing é muito popular nesta faixa etária e as complicações advindas de seu uso podem representar um grande custo para o sistema de saúde.

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