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Coração Já Mata Mais Mulheres: Um Dos Temas do Congresso Brasileiro de Cardiologia

As mulheres não têm muitas o que comemorar nesta entrada do novo milênio no que se refere às doenças cardíacas que hoje, ao contrário de 10 anos atrás, afetam de maneira perigosa e mortal muito mais o sexo feminino que o masculino, como vai ser mostrado em vários trabalhos que serão apresentados no IV Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, que começa dia 30 de julho, no Riocentro, no Rio de Janeiro, com cerca de 15 mil participantes.

O presidente do congresso, Denílson Albuquerque, que é professor de Cardiologia da UERJ, explicou que há pouco mais de dez anos, ainda no final da década de 80, as mulheres só conheciam a hipertensão depois da menopausa, em média aos 50 anos de idade. Agora, em pleno ano 2000, segundo estatísticas norte-americanas a hipertensão arterial já afeta 54% das mulheres contra 46% de homens em cada 100 hipertensos. “Embora uma grande parte das mulheres esteja ciente do seu problema de saúde - frisa o Dr.

Denílson - somente algumas controlam a sua pressão em níveis aceitáveis. O problema a cada ano que passa vem se tornando muito mais sério porque as mulheres, de uma maneira geral, têm os chamados fatores de risco de maneira mais elevada que os homens. São geralmente mais obesas, fumam mais e tem vida mais sedentária, por exemplo , sem falar na pílula anticoncepcional e na menopausa.” O presidente do “congresso do coração” de 2000 lembrou que a partir dos 30 anos a mulher deve evitar a trilogia “fumo - álcool - anticoncepcional.” Manter o seu peso compatível com altura passa a ser um importantíssimo fator de prevenção das doenças cardiovasculares. A obesidade por sua vez torna-se um risco mortal, sobretudo em mulheres na menopausa.

Porque o coração já mata mais as mulheres

Um estudo do Comitê de Epidemiologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia constatou que, embora o coração há 10 anos ainda matasse mais homens que mulheres, o número de vítimas femininas vinha aumentando célere e assustadoramente a cada ano que passava.

E o pior, na faixa entre 45 e 64 anos de idade, o índice de mortes entre as mulheres brasileiras já é hoje muito maior que das mulheres de outros países com a mesma faixa etária. Dr. Denílson Albuquerque lembrou que um dos fatores do aumento de doenças cardíacas na mulher é a sua presença cada vez maior no mercado de trabalho. Daí a mulher passou a sofrer mais de stress, hipertensão, passou a fumar e beber também mais, além de ficar mais sedentária e a se alimentar pior, sem falar em questões essencialmente femininas, como a pílula e a menopausa.

Além de tudo, o número de mulheres com peso acima do normal é muito maior do que o de homens. Mais de 55% de mulheres são obesas contra 37% de homens. “Com tudo isso - frisa Dr. Denílson - não há coração feminino que agüente.” A situação é tão preocupante que, segundo o próprio Ministério da Saúde, a causa - mortis coração já atinge hoje 30.7% de homens contra 39.2% de mulheres.

35% de infarto em mulheres não são diagnosticados

Embora no Brasil não existam dados e estatísticas a respeito, sabe - se que nos Estados Unidos cerca de 35% de infartos leves em mulheres deixam de ser diagnosticados e que 40% das mulheres sofrem um segundo infarto nos 12 meses seguintes ao primeiro, quando nos homens a reincidência no mesmo período é de apenas 13%.

É que nas mulheres, e pelas mais variadas causas, os distúrbios cardiovasculares (que acabam sendo fatais) não raro passam despercebidos, embora entre os homens eles se registrem mais cedo. Mas a partir dos 47 anos, idade em que o hormônio estrogênio deixa de exercer o seu papel protetor no organismo das mulheres, a mortalidade feminina tornam-se muito mais alta. Assim, na fase mais produtiva de sua vida, a mulher morre por desconhecer que pode sofrer do coração. É que nem ela e nem a sua família dão a devida importância àquela “dor no peito.”

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