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Governo enfrenta dilema para manter os hospitais longe do racionamento de energia

São Paulo, 14 de Maio de 2001 (eHealthLA). A partir de próximo mês, as medidas de contenção do uso de energia elétrica do Governo Federal vão ser mais drásticas e os prejuízos preocupam vários segmentos da sociedade, inclusive o setor da saúde.

Apesar dos detalhes do plano de redução de consumo de energia ainda não estejam definidos, é certo que a partir de 1° de junho haverá racionamento.

De acordo com os técnicos das fornecedoras de energia, se os hospitais tiverem luz, como pretende o Governo, o restante das cidades ficará prejudicado. Para manter hospitais acesos, os bairros vizinhos também deverão ter acesso à energia durante os apagões.

Ou seja, para compensar, os demais bairros de uma cidade como São Paulo ficarão mais tempo no escuro (de quatro até nove horas).

Segundo Antoninho Borgh, vice-presidente técnico da Eletropaulo (Companhia Elétrica de São Paulo), existem poucos hospitais que têm circuitos exclusivos, como o Hospital das Clínicas.

"Temos 340 hospitais cadastrados, mas a maioria deles está misturada com residências e estabelecimentos comerciais, e poucos têm geradores próprios”, explica.

A Eletropaulo informou que, para abastecer a Grande São Paulo, tem 1.700 circuitos para fornecimento de luz.

Desse total, 1.250 mantêm serviços essenciais, como: 340 hospitais, postos de saúde, delegacias, companhias telefônicas e de abastecimento, além de 327 UTIs domiciliares.

Geradores

O governo pretende que as empresas de energia ofereçam geradores para que serviços essenciais, como os hospitais, funcionem durante os apagões. Mas, segundo as empresas, em São Paulo, os geradores das distribuidoras de eletricidade não passam de duas dezenas.

A demanda por geradores de energia para venda e locação aumentou cerca de 50% nos últimos dois meses por causa da ameaça do racionamento. E o pior, os fabricantes dos equipamentos acreditam que não conseguirão acompanhar este crescimento.

Crise - grupo permanente para cuidar do racionamento

Diante da crise, o governo decidiu criar, esta semana, um grupo interministerial de dedicação exclusiva para cuidar do plano de racionamento de energia.

A coordenação do grupo ficará a cargo do ministro e chefe da Casa Civil, Pedro Parente, que se afastou temporariamente das atribuições da sua pasta.

Parente destacou, em entrevista coletiva, que a crise energética é grave, e que essa situação não havia sido antecipada na dimensão em que se encontra hoje.

"A função do grupo é resolver o futuro", afirmou."O assunto requer a atenção não apenas do governo, mas de todos os setores da sociedade", alertou Parente.

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