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NOVA YORK (Reuters Health) - A idéia de que existe uma relação entre uso de telefone celular e câncer já rendeu alguns processos judiciais e muitas manchetes de jornais, mas uma nova pesquisa está se somando às crescentes evidências científicas de que essa associação não existe.
Um estudo dinamarquês com mais de 400 mil usuários de celular mostrou que eles não correm risco maior de desenvolver câncer de cérebro ou de qualquer outro órgão.
Os resultados do trabalho, publicados na edição de fevereiro do Journal of the National Cancer Institute, estão de acordo com dois estudos norte-americanos recentes que puseram em dúvida uma possível conexão entre celular e câncer. Os pesquisadores verificaram que as pessoas que usam regularmente o celular não são mais propensas que as demais a ter câncer cerebral.
No estudo atual, a equipe de Christoffer Johansen, da Sociedade de Câncer da Dinamarca, em Copenhague, acompanhou 420.095 usuários por um período médio de três anos. Alguns foram acompanhados ao longo de 15 anos. Os pesquisadores não encontraram risco maior de câncer cerebral ou no sistema nervoso central, leucemia ou quaisquer outros tipos de câncer. As taxas de câncer não aumentaram com o uso prolongado de celular.
O telefone celular emite baixos níveis de radiação indicados por algumas pesquisas com animais como possivelmente prejudiciais ao DNA. Radiação de alta frequência, como a do raio-X, é considerada como causa de danos genéticos em seres humanos. Entretanto, a radiação dos celulares, eletrodomésticos e outros aparelhos comuns não têm força suficiente para quebrar as ligações químicas do DNA.
Para os autores, uma hipótese alternativa -- e ainda não comprovada -- é a de que os celulares aqueçam o tecido a ponto de promover o crescimento de tumor.
Em um editorial que acompanhou o artigo, Robert L. Park afirmou que as microondas aquecem os tecidos mas "não atingem a potência necessária para quebrar as ligações químicas".
Park, da Universidade de Maryland, em College Park, responsabilizou a mídia por levantar a bandeira do medo dos celulares. Para o especialista, a maioria dos cientistas é cética quanto a qualquer conexão entre os aparelhos e o câncer.
Os resultados deste estudo "bem projetado" fornecem uma "resposta convincente" sobre a contribuição dos celulares contribuem para o câncer, avaliou Park.
"Independentemente de quão convincente possa ser a evidência que isenta os celulares, continuarão existindo pessoas que vão argumentar que o assunto não está completamente estabelecido", acrescentou Park.
No artigo, os pesquisadores dinamarqueses admitiram que por terem acompanhado os participantes do estudo em média por apenas três anos, ainda podem haver efeitos a longo prazo que não foram detectados. A equipe observou que estudos em grande escala em andamento nos Estados Unidos e Europa podem ajudar a responder as questões que persistirem.
Sinopse preparada por Reuters Health
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