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Como a pressão intracraniana aumenta o risco de cegueira?

27 de novembro de 2025 (Bibliomed). Pesquisadores da Universidade do Sul da Dinamarca acreditam ter descoberto uma maneira de prever quem pode perder a visão devido a um distúrbio de alta pressão intracraniana.

A hipertensão intracraniana idiopática (HII) ocorre quando há um aumento inexplicável da pressão no líquido que protege o cérebro dentro do crânio. Se não tratada, a HII pode levar à cegueira. A condição afeta principalmente mulheres em idade fértil e que são obesas. Os sintomas associados à HII incluem dores de cabeça crônicas e incapacitantes, visão dupla, perda de visão, problemas de audição e náuseas.

Pesquisadores descobriram que alterações no disco óptico — a região dentro do olho onde o nervo óptico se conecta à retina — podem prever quem desenvolverá pontos cegos na visão ou perderá a acuidade visual.

Para o novo estudo, pesquisadores analisaram 154 pessoas com Hipertensão Intracraniana Idiopática (HII) tratadas em dois centros de cefaleia na Dinamarca entre janeiro de 2018 e setembro de 2022. A idade média dos pacientes era de 28 anos. Desses, 147 apresentavam papiledema, ou seja, inchaço do disco óptico devido à alta pressão do líquido cefalorraquidiano que envolve o cérebro, constataram os pesquisadores.

Cerca de 7 em cada 10 pacientes (69%) desenvolveram escotomas, ou pontos cegos na visão, que podem ser temporários ou permanentes, segundo o estudo. Além disso, 1 em cada 4 (26%) apresentou perda de acuidade visual.

Todos os pacientes receberam medicamentos para reduzir a pressão intracraniana elevada. Após a redução da pressão, metade ainda apresentava escotomas e 13% ainda apresentavam acuidade visual reduzida, embora nenhum tenha desenvolvido cegueira total.

Os pesquisadores identificaram dois problemas específicos que levaram à perda de visão nesses pacientes. Em um dos grupos, o papiledema causou danos às fibras do nervo óptico na retina, resultando em pontos cegos. No outro grupo, o papiledema causou problemas na mácula — o centro da retina — o que resultou em perda da acuidade visual.

Com base nisso, os pesquisadores desenvolveram uma escala de pontuação para ajudar os médicos a prever quais pacientes com hipertensão intracraniana idiopática (HII) desenvolverão problemas de visão.

Os pesquisadores ressaltam que essa escala ainda precisa ser validada por grupos externos antes de ser considerada pronta para uso, mas foi possível identificar a gravidade do papiledema e a desorganização da camada interna da retina como os principais indicadores de quem terá problemas de visão persistentes.

Fonte: Neurology. DOI: 10.1212/WNL.0000000000214335.