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Ansiedade Infantil é Maior do que em Outras Décadas

Por Suzane Rostler

NOVA YORK (Reuters Health)
- Ver o passado como um tempo cor-de-rosa pode ser o passatempo preferido de muitos adultos, mas talvez eles tenham uma certa dose de razão.

De acordo com estudo publicado na edição de dezembro do Journal of Personality and Social Psychology, crianças e adultos jovens de hoje são mais ansiosos que os da década de 50.

Na realidade, crianças saudáveis relataram mais ansiedade durante a década de 80 que os pacientes psiquiátricos infantis relatavam 30 anos atrás.

"Ao contrário da idéia de que crianças não têm com o que se preocupar, a não ser com os colegas briguentos e com a dinâmica do complexo de Édipo, estas conclusões sugerem que a ansiedade infantil reflete intensamente o que está acontecendo na sociedade como um todo", concluiu a autora do estudo, Jean M. Twenge, da Universidade Case Western Reserve, em Cleveland (Ohio).

Por exemplo, crimes e medo da Aids, assim como o isolamento social causado pelas altas taxas de divórcio, podem estar por trás dos níveis mais altos de ansiedade entre os jovens de hoje. Em entrevista à Reuters Health, Twenge afirmou que as pessoas dizem cada vez mais que não confiam umas nas outras.

"Vemos nosso mundo como um lugar mais ameaçador e não temos a sensação de pertencer a uma comunidade como nos anos 50", explicou a pesquisadora.

As conclusões sugerem que a personalidade não é determinada apenas pelos genes. Os resultados do estudo também apontam um crescimento dos casos de depressão e dependência química, que podem ser consequência da ansiedade, observou Twenge.

Para a pesquisadora, limitar a exposição das crianças à violência veiculada pela mídia ajuda a manter relações de amizade e conversar sobre preocupações e medos pode diminuir os níveis de ansiedade entre jovens.

A análise está baseada em dois estudos que observaram mais de 60 mil crianças e estudantes universitários durante quatro décadas. Os dois grupos apresentaram aumento nos níveis de ansiedade e neurose entre as décadas de 50 e 90.

O estudo observou que enquanto os crimes e o medo da guerra nuclear diminuíram, as taxas de divórcio e o número de pessoas que vivem sozinhas permaneceram altos.

"Melhoras nestas estatísticas e a sensação de fazer parte de um grupo, de estar integrado à comunidade, podem reduzir a ansiedade. Até que as pessoas se sintam seguras e ligadas umas às outras, é provável que a ansiedade permaneça alta", concluiu Twenge.

Sinopse preparada por Reuters Health

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