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Como o leite materno é capaz de estimular o cérebro dos bebês?

29 de dezembro de 2023 (Bibliomed). Um novo estudo realizado por cientistas do Centro de Pesquisa em Nutrição Humana Jean Mayer USDA sobre Envelhecimento (HNRCA) na Universidade Tufts sugere que um micronutriente no leite materno fornece benefícios significativos para o cérebro em desenvolvimento de recém-nascidos, uma descoberta que esclarece ainda mais a ligação entre nutrição e saúde do cérebro, e pode ajudar a melhorar as fórmulas infantis usadas em circunstâncias em que a amamentação não é possível.

O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), também abre caminho para estudar o papel que esse micronutriente pode desempenhar no cérebro à medida que envelhecemos.

A dieta é uma das forças ambientais que oferece muitas oportunidades de estudo. Na primeira infância, o cérebro pode ser particularmente sensível a fatores dietéticos porque a barreira hematoencefálica é mais permeável e pequenas moléculas ingeridas como alimento podem passar mais facilmente do sangue para o cérebro.

Os pesquisadores descobriram que o micronutriente, uma molécula de açúcar chamada mio-inositol, era mais proeminente no leite materno humano durante os primeiros meses de lactação, quando conexões neuronais (sinapses) estão se formando rapidamente no cérebro infantil. Isso era verdade independentemente da etnia ou origem da mãe; os pesquisadores traçaram o perfil e compararam amostras de leite humano coletadas em locais na Cidade do México, Xangai e Cincinnati pelo estudo Exploração Global do Leite Humano, que incluiu mães saudáveis de bebês únicos nascidos a termo.

Pesquisas anteriores mostraram que os níveis de inositol no cérebro diminuem com o tempo à medida que os bebês se desenvolvem. Em adultos, níveis cerebrais de inositol inferiores ao normal foram encontrados em pacientes com transtornos depressivos maiores e doença bipolar. Alterações genéticas nos transportadores de mio-inositol têm sido associadas à esquizofrenia. Em contraste, em pessoas com síndrome de Down e pacientes com doença de Alzheimer e síndrome de Down, foram identificadas acumulações de mio-inositol acima do normal.

Testes adicionais usando modelos de roedores, bem como neurônios humanos, mostraram que o mio-inositol aumentou o tamanho e o número de conexões sinápticas entre os neurônios no cérebro em desenvolvimento, indicando uma conectividade mais forte. A pesquisa atual indica que, em circunstâncias em que a amamentação não é possível, pode ser benéfico aumentar os níveis de mio-inositol na fórmula infantil, dizem os pesquisadores,

No entanto, ainda é muito cedo para recomendar que os adultos consumam mais mio-inositol, que pode ser encontrado em quantidades significativas em certos grãos, feijões, farelos, frutas cítricas e melão (mas que não está presente em grandes quantidades no leite de vaca). Ainda, não se sabe por que os níveis de inositol são mais baixos em adultos com certas condições psiquiátricas ou mais altos naqueles com outras doenças.

Fonte: Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). DOI: 10.1073/pnas.2221413120.

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