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HIV pode se esconder nos glóbulos brancos

16 de outubro de 2023 (Bibliomed). Os pesquisadores estão se aproximando de outro "esconderijo" do sistema imunológico que o HIV usa para persistir no corpo humano por anos. Um subconjunto de glóbulos brancos chamados células mieloides pode abrigar o HIV em pessoas que foram suprimidas viralmente por anos, de acordo com um novo estudo de pequena escala financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH).

Os pesquisadores mostraram que o HIV em células mieloides específicas pode ser reativado, com o vírus passando a infectar novas células. Essas células específicas incluem monócitos de vida curta e macrófagos derivados de monócitos de vida mais longa. Para eles, os resultados sugerem que as células mieloides contribuem para um reservatório de vida longa do HIV nos infectados. Nesse caso, os glóbulos brancos seriam um alvo importante, mas negligenciado, nos esforços para erradicar o HIV.

Os autores explicam que os medicamentos antirretrovirais são eficazes na supressão do HIV, impedindo que o vírus infecte novas células e se multiplique. No entanto, o HIV já presente nas células pode permanecer inativo, criando um reservatório de HIV que aguarda a chance de voltar à ação.

As células T CD4, outro tipo de glóbulo branco, são o reservatório de HIV mais bem estudado, mas os pesquisadores suspeitam que existam outros. Os monócitos circulam no sangue por cerca de três dias antes de viajar para diferentes tecidos do corpo, onde podem amadurecer em macrófagos, disseram os pesquisadores. Até agora, não está claro se o HIV latente nessas células pode se reativar e infectar outras células.

No estudo, os pesquisadores mediram o DNA do HIV em células mieloides pertencentes a 30 pacientes infectados pelo HIV, todos em terapia antirretroviral por pelo menos cinco anos. Eles encontraram níveis detectáveis de material genético do HIV em monócitos e macrófagos, embora os níveis fossem muito mais baixos do que os observados nas células T CD4. Em alguns pacientes, o material genético do HIV encontrado nos monócitos estava intacto, sugerindo que poderia se reativar e infectar novas células. Os pesquisadores então usaram um novo método quantitativo para medir diretamente a propagação viral do HIV encontrada nas células mieloides. Eles isolaram monócitos do sangue de 10 pacientes e nutriram as células em culturas que continham drogas antirretrovirais, assim como os pacientes. Depois que os monócitos se desenvolveram em macrófagos, os pesquisadores introduziram um agente que ativa o sistema imunológico e adicionaram glóbulos brancos frescos às culturas - dando ao HIV um novo alvo em potencial.

Culturas de cinco dos 10 participantes tinham material genético do HIV detectável em seus macrófagos que poderiam ser reativados para infectar outras células e se replicar. Esses pacientes também apresentaram níveis gerais mais elevados de material de DNA do HIV.

Dados de acompanhamento de três pacientes mostraram que esse reservatório pode abrigar o HIV latente por vários anos. Os reservatórios eram estáveis e poderiam ser reativados ao longo do tempo, indicando que macrófagos derivados de monócitos poderiam contribuir para o rebote viral do HIV se a terapia antirretroviral fosse interrompida.

Os pesquisadores pretendem realizar estudos maiores e com grupos de participantes mais diversos, para ter uma ideia melhor de quantas pessoas podem carregar o HIV latente nas células mieloides e descobrir como o reservatório de monócitos do HIV se reabastece com o tempo.

Fonte: Nature Microbiology. DOI: 10.1038/s41564-023-01349-3.

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