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Anti-inflamatórios infantis podem causar alterações no esmalte dentário

20 de julho de 2023 (Bibliomed). Um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) no Brasil e publicado na revista Scientific Reports mostrou que anti-inflamatórios comumente usados por crianças podem estar associados a defeitos de esmalte dentário (DEDs) observados atualmente em cerca de 20% de crianças em todo o mundo.

Os autores, ligados à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP-USP) e à Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCFRP-USP), investigaram os efeitos do celecoxibe e da indometacina, anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) classificados pela Organização Mundial de Saúde como o primeiro degrau na escada analgésica, juntamente com o paracetamol.

Nos últimos anos, os cirurgiões-dentistas da Clínica de Esmalte da FORP-USP, que pesquisam e lidam diariamente com o problema, observaram um aumento acentuado no número de crianças que procuram tratamento para dores, manchas brancas ou amareladas nos dentes, sensibilidade dentária e fragilidade. Em alguns casos, a simples mastigação pode fraturar os dentes das crianças. Todos esses são sintomas clássicos de DEDs do tipo conhecido como hipomineralização do esmalte, cujas causas são pouco conhecidas.

Como resultado desse distúrbio, a cárie dentária na forma de lesões cariosas aparece mais cedo e com mais frequência nesses pacientes, cujas restaurações são menos adesivas e tendem a falhar mais. Estudos mostraram que eles podem ter que substituir restaurações dez vezes mais ao longo da vida do que pessoas com dentes saudáveis.

Uma coincidência específica despertou a curiosidade dos pesquisadores: a idade dos pacientes. Os primeiros anos de vida, quando se formam os DEDs, são um período em que os enjoos são frequentes, muitas vezes com febre alta.

Essas doenças são tipicamente tratadas com AINEs, que inibem a atividade da ciclooxigenase e reduzem a produção de prostaglandina. A ciclooxigenase e prostaglandina são conhecidas por serem fisiológicas para o esmalte dentário e, portanto, os pesquisadores questionaram se essas drogas interferem na formação normal dessa estrutura.

Os pesquisadores usaram ratos para estudar o problema, pois esses animais têm incisivos que crescem continuamente, o que facilita a análise. Os ratos foram tratados com celecoxibe e indometacina por 28 dias, após os quais praticamente nenhuma diferença em seus dentes foi visível a olho nu. No entanto, os dentes tinham uma maior tendencia a fraturar e continham níveis abaixo do normal de cálcio e fosfato, importantes para a formação do esmalte dentário, e a densidade mineral era baixa.

Foram encontradas alterações nas proteínas necessárias para a mineralização e diferenciação celular, mostrando que as drogas realmente afetaram a composição do esmalte dentário.

Fonte: Scientific Reports. DOI: 10.1038/s41598-022-19583-w.

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