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Brasil: Hanseníase Avança no País e Preocupa Especialistas

São Paulo, 22 de Novembro (eHLA). O Brasil é o segundo país do mundo em número de casos de hanseníase, perdendo apenas para a Índia, que tem uma população muito maior, cerca de 1 bilhão de pessoas. A meta do governo federal de eliminar a doença como problema de saúde pública até o final deste ano, não foi cumprida. O acordo mundial firmado junto à Organização Mundial de Saúde (OMS) definia o limite de um caso de hanseníase para cada 10 mil habitantes até 2000. O município de Belo Horizonte, que não possui as piores estatísticas, tem quase o dobro. São 1,6 de pacientes para cada 10 mil habitantes. Apenas no ano passado, foram registrados 135 casos novos da enfermidade. No primeiro trimestre deste ano, foram notificados 33 novos casos. A partir de segunda-feira, quando tem início a Semana de Combate à Hanseníase, as secretarias de saúde municipal e estadual prometem uma grande campanha, com distribuição de panfletos e atendimento especial. A maioria da população desconhece o tratamento com a poliquimioterapia, um coquetel de medicamentos capaz de curar o doente em um ano.

A hanseníase é uma infecção causada pelo Mycobacterium leprae, também conhecida como lepra. Ainda não se sabe exatamente se o contágio se dá apenas pelo contato com a pele e com secreção nasal de doentes ou se também existe uma predisposição genética para facilitar o desenvolvimento da doença. O período de incubação varia de sete meses a trinta anos, sendo em média de três a seis anos. Desse modo, a pessoa contaminada pode ficar todo esse período sem apresentar sintomas. A infecção atinge os nervos do corpo, o que causa a perda da sensibilidade. Essas regiões geralmente se tornam esbranquiçadas, ficam como se estivessem anestesiadas. O doente sofre acidentes sem poder evitá-los, como quando não sente o calor e se queima ou quando se corta e não sente dor. Quando a doença deixa seqüelas neurológicas, o paciente precisa fazer reabilitação para readquirir controle dos movimentos. “O diagnóstico tardio e o desconhecimento sobre a possibilidade de cura são os dois fatores que dificultaram a redução do índice da doença”, acredita Paulo de Tarso Fonseca, médico da Comissão de Hanseníase da Secretaria Municipal de Saúde, em Belo Horizonte. Apesar de a hanseníase atingir normalmente os adultos, os dados indicam que há casos espalhados pela diferentes faixas etárias da população ainda não diagnosticados. “O índice elevado de casos não tem justificativa. O exame é basicamente clínico, não depende de equipamentos sofisticados”, afirma. Na sua opinião, as pessoas desconhecem o sucesso do tratamento e, muitas vezes, deixam de buscar atendimento. O médico lembra que a diminuição da sensibilidade e o aparecimento de manchas avermelhadas ou brancas e caroços são os principais sinais de alerta para a hanseníase.

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