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Misofonia pode desencadear raiva em 20% das pessoas

31 de outubro de 2022 (Bibliomed). A misofonia é um distúrbio no qual certos sons causam sentimentos extremos de raiva e nojo. Até agora, pensava-se que a misofonia é desencadeada principalmente por sons relacionados à boca e nariz – mastigar, fungar, estalar os lábios e até respirar. Contudo, uma nova pesquisa mostrou que outros sons e ruídos comuns podem desencadear a misofonia: toques de dedos, cliques do mouse, o barulho de sapatos de salto alto, o zumbido de um ventilador elétrico, entre outros.

Estudos anteriores sugeriram que a misofonia é causada por conexões excessivamente sensíveis entre o centro do cérebro que processa o som e as áreas de controle motor da boca e do rosto. É por isso que os gatilhos clássicos da misofonia envolvem mastigar ou respirar. Mas o novo estudo mostrou que, embora os sons desencadeiem a misofonia, o centro auditivo do cérebro pode não ter nada a ver com isso.

A misofonia parece estar ligada à ínsula, uma parte do cérebro associada a emoções fortes que incluem nojo. No estudo, realizado por pesquisadores da Ohio State University, nos Estados Unidos, 19 adultos foram submetidos a exames de ressonância magnética do cérebro enquanto realizavam várias tarefas - dizendo certas sílabas sem sentido como "ba gar ra da" em voz alta, ou batendo os dedos na perna. Pessoas mais fortemente acometidas por sintomas de misofonia tinham conexões mais fortes entre a ínsula e as regiões do cérebro associadas aos movimentos motores. Isso era verdade para mover a boca e também bater os dedos em uma perna. Ao mesmo tempo, os pesquisadores não encontraram nenhuma conexão com o centro auditivo do cérebro.

Os efeitos da misofonia podem ir muito além da mera irritação, podendo causar uma reação tão visceral que provoca uma resposta primária de luta ou fuga nos afetados. Com isso, a pessoa pode se isolar e cortar relações sociais. Apesar dos impactos significativos que podem trazer para quem sofre com a condição, a misofonia ainda não é reconhecida como uma condição mental diagnosticável no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) da Associação Psiquiátrica Americana.

Fonte: Frontiers in Neuroscience. DOI: 10.3389/fnins.2022.88075.

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