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Remédios à Base de Ervas Medicinais Causam Polemica nos EUA

Tomar um chá para acalmar a dor de estômago, os sintomas da gripe ou aplacar a insônia é um hábito mais do que antigo. Mas a crença de que uma simples planta funcionava para tratar uma doença aos poucos foi substituída pela busca científica em separar o que realmente funciona do que é folclore. As batalhas travadas contra a onda desenfreada da fitoterapia têm obtido bons resultados burocráticos. O governo americano, por exemplo, está tratando do assunto a sério. A Food And Drug Administration (FDA) – órgão regulador de consumo e produção de remédios – exige informações detalhadas em rótulos e bulas de fitoterápicos. "Este controle de qualidade faz com que os produtores coloquem as dosagens certas das substâncias. A corrida aos campos está acabando com a produção selvagem natural", diz Herbert Razesky, biólogo da Organização Mundial de Saúde (OMS). "Ervas com poderes de cura que ainda nem conseguimos descobrir desaparecerão", afirma.

Apesar da pressão para regulamentar os fitoterápicos, o governo americano está de mãos amarradas. Por força de lei aprovada há seis anos, graças ao intenso trabalho de lobistas da indústria do setor, alguns produtos não são considerados como drogas e sim ‘‘suplementos de dieta’’. Por causa disso, não passam pela análise da FDA. "As ervas medicinais criaram uma situação escandalosa nos EUA. Elas são, na verdade, drogas diluídas e deveriam ser regulamentados pela FDA, para obrigar os fabricantes a colocarem produtos padronizados no mercado, feitos com ingredientes conhecidos", afirma Varro E. Tyler, professor de farmacologia na Purdue University e autor de livros sobre ervas. Diante do aumento das freqüências de casos graves (muitos fatais) nos EUA vários estados estão criando leis regionais e específicas para restringir a venda de tais produtos.

Segundo a OMS, em 1980 o mercado mundial de fitoterápicos e produtos naturais movimentaram US$ 500 milhões. Para o ano 2000, porém, a previsão é de que só a Europa registre um volume de vendas de US$ 500 bilhões. No Canadá, as vendas crescem 15% por ano, enquanto nos Estados Unidos esse número chega a 20%. No Brasil não há estatísticas, mas o Herbarium, de Curitiba, um dos maiores laboratórios do gênero no País, registrou um aumento de 20% na comercialização de remédios à base de plantas nos últimos dois anos. Segundo o farmacologista João Ernesto de Carvalho, da UNICAMP, o desejo de encontrar uma alternativa aos medicamentos sintéticos, em geral carregados de efeitos colaterais, aumentou muito o comércio de plantas terapêuticas. "A tendência é que com respaldo cada vez mais sólido que a ciência está oferecendo às drogas à base de ervas estes números cresçam. Este é o perigo, pois apenas com estudos aprofundados sobre o poder medicinal das plantas e instrumentos governamentais reguladores extremamente rígidos é que poderemos oferecer as pessoas produtos que efetivamente curam e não prejudicam sua saúde", completa.

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