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Um “pico” proteico mais resistente explica a disseminação mais rápida de variantes do coronavírus

09 de julho de 2021 (Bibliomed). As variantes de rápida disseminação do coronavírus no Reino Unido, África do Sul e Brasil estão levantando preocupações e questões sobre se as vacinas COVID-19 irão proteger contra estas variantes. Novo estudo realizado no Hospital Infantil de Boston analisou como a estrutura das proteínas de pico (spike) do coronavírus muda com a mutação D614G - carregada por todas as três variantes - e mostrou por que essas variantes são capazes de se espalhar mais rapidamente. As descobertas foram relatadas na revista Science de 16 de março de 2021.

Os pesquisadores fotografaram os picos com microscopia crioeletrônica (crio-EM), que tem resolução até o nível atômico. Eles descobriram que a mutação D614G (substituição de "letra" em um único aminoácido no código genético para a proteína do pico) torna o spike mais estável em comparação com o vírus SARS-CoV-2 original. Como resultado, mais picos funcionais estão disponíveis para se ligar aos receptores ACE2 de nossas células, tornando o vírus mais infeccioso.

No coronavírus original, as proteínas de pico se ligavam ao receptor ACE2 e mudavam drasticamente de forma, dobrando-se sobre si mesmas. Isso permitiu que o vírus fundisse sua membrana com as membranas de nossas próprias células e entrasse. No entanto, os picos às vezes mudam prematuramente de forma e se desintegram antes que o vírus se ligue às células. Embora isso tenha desacelerado o vírus, a mudança de forma também tornou mais difícil para o sistema imunológico contê-lo, dificultando uma resposta forte resposta de anticorpos neutralizantes.

Quando os pesquisadores fotografaram a proteína do pico mutante, eles descobriram que a mutação D614G estabiliza o pico ao bloquear a mudança prematura de forma. Curiosamente, a mutação também faz com que os picos se liguem mais fracamente ao receptor ACE, mas o fato de que os picos são menos propensos a se desfazerem prematuramente torna o vírus em geral mais infeccioso.

Os pesquisadores propõem que as vacinas redesenhadas incorporem o código para essa proteína de pico mutante. O formato de pico mais estável deve tornar qualquer vacina baseada no pico (como são as vacinas Moderna, Pfizer e Johnson & Johnson) com maior probabilidade de produzir anticorpos neutralizantes protetores.

Fonte: Science (2021). DOI: 10.1126/science.abf2303.

Copyright © 2021 Bibliomed, Inc.

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