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Infusão de anticorpos é parcialmente eficaz na prevenção da infecção por HIV

26 de maio de 2021 (Bibliomed). Uma infusão de anticorpos que está sendo testada para prevenir o HIV não parece impedir a maioria das infecções - mas seu sucesso contra certas cepas do vírus sugere que os pesquisadores estão no caminho certo. Esse é o resultado de um ensaio clínico que colocou o anticorpo, chamado VRC01, em teste em 2.700 pessoas com alto risco de contrair o HIV.

Os pesquisadores do Fred Hutchinson Cancer Research Center, nos Estados Unidos, descobriram que as infusões do anticorpo a cada dois meses não reduziram o risco geral dos pacientes de infecção pelo HIV. Contudo, a tática bloqueou cepas específicas de HIV que eram suscetíveis ao anticorpo VRC01: reduziu o risco das pessoas dessas infecções em 75% durante o teste de 20 meses.

Na década de 1980, descobriu-se que a droga AZT era eficaz no bloqueio do HIV, mas com o tempo foi pouco páreo para o vírus de mutação rápida. Os pesquisadores descobriram então que combinações de drogas poderosas, ou "coquetéis", podem suprimir o HIV a longo prazo. Os medicamentos não curam, mas transformaram o HIV de uma certa sentença de morte em uma doença crônica administrável. Os pesquisadores suspeitaram que, para que os anticorpos previnam as infecções pelo HIV de maneira eficaz, coquetéis semelhantes serão necessários.

O ensaio atual mostra que as infusões de VRC01 podem ser feitas com segurança e fornece informações detalhadas sobre como o anticorpo funciona contra diferentes cepas de HIV. Pesquisas que testam coquetéis de anticorpos para a prevenção do HIV já estão em andamento. De acordo com os autores, a teoria é de que assim como são necessários vários medicamentos para tratar o HIV, pode ser necessário mais de um anticorpo para evitá-lo.

No momento, as pessoas com alto risco de HIV - por meio do sexo ou do uso de drogas injetáveis ??- podem reduzir significativamente esse risco com um regime de medicação diário conhecido como PrEP. Entretanto, a longo prazo, esse tratamento pode se tornar difícil de administrar, e os anticorpos é uma alternativa de ação prolongada que pode tornar a prevenção mais acessível.

Neste ensaio, as infusões de anticorpos foram administradas a cada oito semanas (esses intervalos podem ser estendidos, segundo os pesquisadores. O estudo envolveu dois braços: um nas Américas e na Europa, recrutou homens e pessoas trans que fazem sexo com homens; o outro envolveu mulheres na África Subsaariana.

Os voluntários foram designados aleatoriamente para receber infusões de VRC01 a cada oito semanas por 20 meses ou infusões de placebo. Os anticorpos são produzidos pelo sistema imunológico para identificar e neutralizar invasores externos, como os vírus.

O VRC01 é o chamado anticorpo amplamente neutralizante, ou bNab - o que significa que pode bloquear uma variedade de cepas de HIV de infectar células humanas. É capaz de fazer isso porque reconhece proteínas específicas do HIV que muitas vezes permanecem inalteradas mesmo quando o vírus sofre mutação.

O VRC01 foi originalmente descoberto no sangue de um paciente HIV positivo. Contudo, não está claro por que apenas certas pessoas com HIV produzem bNabs. Os cientistas podem criar versões de anticorpos projetadas em laboratório e produzi-los em massa, que é o que eles fizeram neste teste.

Infelizmente, o VRC01 não foi tão poderoso contra as cepas do HIV nas comunidades do estudo quanto os pesquisadores haviam estimado. O anticorpo bloqueou completamente cerca de 30% das cepas, mas não foi potente o suficiente contra 70%.

Se os coquetéis de anticorpos se mostrarem eficazes, uma grande questão é se eles seriam preferíveis aos comprimidos diários, especialmente se puderem ser feitos com menos frequência - duas vezes por ano, por exemplo. Isso também é verdade, dizem os pesquisadores, em países menos desenvolvidos. Especialmente para as mulheres, para as quais o tratamento em uma clínica pode ser menos estigmatizante do que as pílulas diárias.

Fonte: New England Journal of Medicine. DOI: 10.1056/NEJMoa2031738.

Copyright © 2021 Bibliomed, Inc.

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