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16 de julho de 2020 (Bibliomed). Até uma em cada quatro pessoas infectadas com o novo coronavírus sofre danos cerebrais, de acordo com as descobertas de um pequeno estudo publicado na revista Brain. Em uma análise de 43 pacientes hospitalizados com COVID-19 confirmado ou suspeito, descobriu-se sinais de inflamação ou encefalite cerebral, dez apresentaram sintomas de delírio ou psicose e oito sofreram um acidente vascular cerebral (AVC).
Todos, exceto um dos pacientes incluídos no estudo, sobreviveram, superando a doença e os sintomas neurológicos após o tratamento em uma unidade de terapia intensiva hospitalar. Todos os 43 pacientes do estudo foram tratados no National Hospital for Neurology and Neurosurgery, na Inglaterra. Eles tinham entre 16 e 85 anos.
Vários dos pacientes não desenvolveram sintomas respiratórios graves do COVID-19, com o distúrbio neurológicoencefalomielite disseminada aguda (ADEM) sendo "a primeira e principal apresentação" da doença. Nove dos 12 pacientes com inflamação cerebral foram diagnosticados com o ADEM, o que é raro e mais frequentemente observado em crianças, de acordo com os pesquisadores.
Antes da pandemia de COVID-19, o National Hospital for Neurology and Neurosurgery atendia cerca de um paciente adulto com ADEM por mês, número que aumentou para pelo menos um por semana durante o período do estudo, que decorreu de 9 de abril a 15 de maio de 2020.
Além disso, oito pacientes no estudo sofreram danos nos nervos, principalmente a síndrome de Guillain-Barré, um distúrbio neurológico raro que ocorre mais frequentemente após uma infecção respiratória ou gastrointestinal, no qual o sistema imunológico do corpo ataca os nervos, causando grave fraqueza muscular. Os pesquisadores também encontraram evidências de que a inflamação cerebral em alguns pacientes foi causada por uma resposta imune ao COVID-19, e não à própria doença. O SARS-CoV-2, o vírus que causa a doença, não foi detectado no líquido cefalorraquidiano de nenhum dos pacientes testados.
Os pesquisadores explicam que, como a COVID-19 é ainda uma doença muito nova, ainda é difícil saber o dano a longo prazo que ela vai causar. No entanto, para os autores do estudo, os médicos precisam estar cientes dos possíveis efeitos neurológicos, pois o diagnóstico precoce pode melhorar os resultados dos pacientes. Além disso, eles recomendam que pessoas que se recuperam do vírus devem procurar aconselhamento profissional de saúde se tiverem sintomas neurológicos.
Fonte: Brain. A Journal of Neurology. DOI: 10.1093/brain/awaa240.
Copyright © 2020 Bibliomed, Inc.
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