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14 de maio de 2020 (Bibliomed). De modo semelhante à maneira como responde um detector de fumaça ao disparar um alarme, certos genes detectam quando um vírus entra no corpo, alertando acerca da presença de um invasor e desencadeando uma resposta imune na maioria dos mamíferos. Mas, de acordo com um estudo recente publicado na revista Frontiers in Immunology, os pangolins - mamíferos que se assemelham a um tamanduá com escamas - carecem de dois desses genes sensíveis ao vírus. A descoberta é significativa porque, embora os pangolins possam ser portadores de coronavírus, eles parecem capazes de tolerá-lo através de algum outro mecanismo desconhecido. Compreender sua vantagem evolutiva pode apontar para possíveis opções de tratamento para o coronavírus em seres humanos.
Os pesquisadores se concentraram nos pangolins porque este animal exótico pode ter transmitido o vírus aos seres humanos no ano passado, criando o salto interespécies necessário para a atual pandemia do COVID-19 (os morcegos também foram identificados como possíveis agentes da infecção). Para obter seus resultados, eles analisaram a sequência do genoma de pangolins e a compararam com a sequência de outros mamíferos, incluindo humanos, gatos, cães e gado.
A pesquisa mostra que os pangolins sobreviveram a milhões de anos de evolução sem um tipo de defesa antiviral usada por todos os outros mamíferos, diz o co-autor Dr. Leopold Eckhart, da Universidade Médica de Viena na Áustria. Mais estudos sobre pangolins descobrirão como eles conseguem sobreviver a infecções virais, e isso pode ajudar a conceber novas estratégias de tratamento para pessoas com infecções virais.
Nos humanos, o coronavírus pode causar uma resposta imune inflamatória chamada “tempestade de citocinas”, o que piora os resultados do quadro clínico. Os autores sugerem que a supressão farmacêutica da sinalização genética pode ser uma opção de tratamento possível para casos graves de COVID-19. Eckhart adverte, porém, que esse remédio pode abrir a porta para infecções secundárias. "O principal desafio é reduzir a resposta ao patógeno, mantendo o controle suficiente do vírus", diz ele. Um sistema imunológico superativado pode ser moderado, diz Eckhart, "reduzindo a intensidade ou alterando o tempo da reação de defesa".
Embora o estudo tenha identificado diferenças genéticas entre pangolins e outros mamíferos, ele não investigou o impacto dessas diferenças na resposta antiviral. Os cientistas ainda não entendem como exatamente os pangolins sobrevivem ao coronavírus, apenas que a falta desses dois genes de sinalização pode ter algo a ver com isso. O estudo oferece um ponto de partida para entender melhor as características do coronavírus, a resposta do corpo e as melhores opções de tratamento.
Fonte: Frontiers in Immunology, news release, May 8, 2020.
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