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Brasil Participa de Estudo de Droga Contra Leucemia Mielóide

SÃO PAULO (Reuters) - Pacientes brasileiros irão participar de estudos para avaliação do STI571, droga experimental para o tratamento de leucemia mielóide crônica (LMC), informou na terça-feira o laboratório Novartis, durante uma coletiva de imprensa em São Paulo.

"Até o final de outubro e começo de novembro, todos os participantes dos testes estarão tomando a droga", disse Ricardo Pasquini, do Hospital das Clínicas de Curitiba da Universidade Federal do Paraná, um dos hospitais que vão desenvolver os estudos.

Além disso, o Hospital Israelita Albert Einstein, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo -- todos em São Paulo -- e o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, também farão parte dos testes de fase 2, que pretendem estudar a eficácia da droga.

Esse tipo de leucemia costuma atingir pessoas de meia-idade ou mais velhas e caracteriza-se por uma formação anormal de gene híbrido, BCR-ABL, que codifica uma proteína capaz de promover a reprodução descontrolada de células sanguíneas, a diminuição da aderência das células à medula óssea, entre outros efeitos.

O STI571 representa uma nova classe de medicamentos que interfere na multiplicação celular, chamada inibidores de transmissão de sinal. A droga bloqueia os mecanismos que sinalizam a ordem de crescimento das células do tumor.

"A droga inibe uma molécula, ATP, que regula uma proteína anormal capaz de promover a proliferação das células sanguíneas", explicou a hematologista Junia Melo, do Hospital Hammersmith, em Londres. Melo faz parte da primeira equipe de cientistas a desenvolver pesquisa biológica com o STI571.

"A grande vantagem da droga é que, ao contrário dos tratamentos tradicionais, ela atua especificamente sobre a célula cancerosa", acrescentou Melo.

"Outras vantagens práticas são que o medicamento é de uso oral, produz pouquíssimos efeitos colaterais e tem se mostrado extremamente eficaz a curto prazo", destacou Melo.

Fase Inicial de Teste com Humanos Foi Concluída nos EUA

Os testes de fase 1 em humanos, envolvendo três centros de pesquisa nos EUA, foram concluídos no ano passado com resultados animadores.

"O STI571 apresentou 100 por cento de normalização do hemograma e cerca de 50 por cento de resposta citogenética entre os 84 participantes do estudo", afirmou Melo.

No Brasil, serão desenvolvidos estudos com pacientes com LMC resistentes ao uso de interferon, medicamento comumente usado no tratamento da doença, com a inclusão de dez participantes por mês.

Além disso, pacientes com LMC em fase acelerada e pacientes em crise blástica (fase grave em que há grande quantidade de células imaturas na corrente sanguínea) também participarão dos estudos, com número ilimitado de participantes. Além do Brasil, outros 21 países integras os estudos de fase 2 com o medicamento.

"A leucemia mielóide crônica atinge, ao ano, 2 a 3 pessoas por milhão de habitantes no Brasil", disse Pasquini.

De acordo com a Novartis, pacientes que quiserem se candidatar como voluntários nos estudos de fase 2 com a droga no Brasil podem se inscrever nos hospitais que desenvolverão os testes.

A Novartis prevê que, até o final de 2001, o STI571 seja aprovado nos Estados Unidos, Europa e Brasil.

"Indicativos apontam que a droga não custará mais do que o tratamento-padrão da leucemia mielóide crônica", disse Branderley Claudio, diretor de relações externas e comunicação do laboratório. O tratamento com interferon custa, em média, 3.000 dólares por mês.

Sinopse preparada por Reuters Health

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