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Por Brendan Boyle
CIDADE DO CABO (Reuters) - O ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela repudiou a polêmica posição de seu sucessor, Thabo Mbeki, sobre Aids e afirmou que o HIV é a principal causa da doença que ameaça matar 6 milhões de sul-africanos.
Mbeki substituiu Mandela em junho do ano passado e tem declarado que não aceita a ligação entre o vírus e a doença, a menos que a equipe de especialistas que ele nomeou prove a ligação.
Em entrevista publicada sexta-feira pelo jornal Independent Group, Mandela, 82, disse que o atual presidente deveria respeitar a "opinião predominante em todo mundo" que o HIV causa Aids até que existam provas conclusivas e científicas que isso está errado.
"Prefiro ser muito cauteloso porque pessoas na nossa posição quando assumem um ponto de vista deveriam saber que princípios estabelecidos são contestados, algumas vezes sem suporte científico", disse Mandela, aparentemente sugerindo que Mbeki deveria se alinhar à comunidade científica.
Desde que Mbeki declarou pela primeira vez suas dúvidas perante o Parlamento no ano passado, apenas um integrante do ministério do Congresso Nacional Africano (CNA), o ministro do Trabalho, Membathisi Mdladlana, ousou declarar publicamente que o HIV causa Aids.
Mbeki informou ao Parlamento, na semana passada, que sua estratégia para combater a Aids estava baseada na "tese" de que o vírus causa a doença mas se recusou a aceitar a associação.
Em uma declaração fortemente contestada por médicos, o presidente disse que o vírus pode não causar a síndrome.
Mandela tem sido cuidadoso para evitar críticas a Mbeki, mas em entrevista ao editor do Daily News disse que seu sucessor trabalha sob grande pressão e "novamente deve enfrentar severas críticas".
As estimativas oficiais revelam que 6 milhões de sul-africanos podem morrer nos próximos dez anos em consequência da Aids.
Mais de 10 por cento da população -- cerca de 4,2 milhões de pessoas -- são portadoras do HIV e a doença está se espalhando no país mais rápido que em qualquer outro lugar do mundo.
Sinopse preparada por Reuters Health
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