Folhetos de saúde

Distúrbios do ritmo circadiano

© Equipe Editorial Bibliomed

O que são os distúrbios do ritmo circadiano?

Acredita-se que o organismo humano apresente um relógio próprio, um mecanismo de controle das atividades gerais do corpo, que se repetem a cada dia com pequenas variações. Este complexo fenômeno é denominado ritmo circadiano.

O ritmo circadiano da maioria das pessoas é coincidente com o tempo cronológico, aquele marcado pelo relógio. Assim, a maioria das pessoas costuma dormir e acordar em horários parecidos e alimentam-se em horários semelhantes. Porém, algumas pessoas podem apresentar um ritmo circadiano diferente do habitual, sem que isso implique em condição patológica, em doença. Como exemplo pode-se citar o indivíduo que costuma dormir durante o dia e permanece a noite toda acordado, sem que isso lhe cause qualquer transtorno na suas atividades.

Quando há uma alteração no ritmo circadiano da pessoa, e isto está associado com implicações negativas nas atividades cotidianas, estamos diante de um distúrbio do ritmo circadiano. Tais distúrbios apresentam-se mais frequentemente quando o indivíduo expõe-se a um novo ciclo sono/vigília, como ocorre após longas viagens em que o destino apresenta um fuso horário distinto do habitual da pessoa.

Como se detecta um distúrbio do ritmo circadiano?

A identificação do distúrbio do ritmo circadiano é clínica, com base no relato do indivíduo ao médico. Ocorre uma associação temporal entre o início dos sintomas e a mudança no relógio biológico.

Os sintomas mais comuns são distúrbios do sono (sendo a insônia o mais proeminente), dificuldade de concentração, cansaço, redução do apetite e nervosismo exagerado.

Quando as manifestações clínicas estão associadas com viagens cujo destino apresenta fuso horário distinto, diz-se que o evento é uma dessincronose (“jet lag”). Nestes casos a intensidade dos sintomas guarda proporção direta com o número de fusos horários atravessados. Assim, vôos no sentido norte-sul, mesmo se longos, não desencadeiam sintomas. Nota-se que os vôos para o leste são capazes de gerar sintomas mais intensos do que para o oeste. Pessoas idosas tendem a apresentar sintomas piores.

O indivíduo geralmente se queixa de dificuldade para iniciar e manter o sono, sonolência excessiva, redução do alerta diurno e do desempenho. Podem estar associadas manifestações somáticas, especialmente relacionadas com a função gastrintestinal (ex: ânsia de vômitos, diarréia ou constipação intestinal).

Os sintomas iniciam um a dois dias após a viagem, sendo que os sintoma costumam ser mais proeminentes quando se cruzam pelo menos dois fusos horários.

Como se trata?

O tratamento deve ser conduzido com auxílio médico. Geralmente são prescritos medicamentos capazes de induzir o sono, especialmente os benzodiazepínicos.

Lembre-se, somente o médico poderá orientá-lo na abordagem desta condição.

Fontes:

Simon RP, Sunseri MJ. Distúrbios do sono e do despertar. In: Goldman L, Bennet JC. CECIL Tratado de Medicina Interna. 21a ed, editora Guanabara Koogan S.A. RJ, 2001: 2265 – 2269.

Martinez D. Dissônias. In: Martinez D. Prática da Medicina do Sono. Editora FUNDO EDITORIAL BYK, SP, 1999: 115 – 122.