Os fenótipos heterogêneos em crianças com autismo sugerem que indivíduos geneticamente suscetíveis são afetados por fatores ambientais, como exposição a toxinas, estresse materno, obesidade materna e infecções. Esses fatores ambientais compartilham vias inflamatórias e imunes em comum.
Embora as infecções pré-parto estejam associadas ao autismo e deficiência intelectual em crianças, a associação não é causal e provavelmente reflete suscetibilidade genética e fatores ambientais.
Há evidências abundantes que apoiam uma associação entre infecções maternas e autismo nos filhos, principalmente influenza e toxoplasma. Um recente estudo confirmou essa associação, mas não demonstrou uma relação de causa e efeito.
Um novo estudo baseado em registro envolvendo crianças suecas (n=549.967; 48,7% do sexo feminino e 51,3% do sexo masculino) nascidas entre 1987 e 2010, avaliou o problema. A idade média de corte foi de 13,5 anos. O desfecho primário foi um diagnóstico de autismo ou deficiência intelectual.
A incidência de ocorrência de deficiência intelectual e de autismo em crianças nascidas de mães com infecções pré-parto foi de 1,3% e 3,3%, respectivamente. A incidência de deficiência intelectual e autismo em crianças nascidas de mães sem infecções pré-parto foi de 1,0% e 2,5%, respectivamente. Crianças nascidas de mães que tiveram infecções 1 ano antes da concepção, mas sem infecção pré-parto, apresentaram risco aumentado para autismo; no entanto, o risco de deficiência intelectual não foi aumentado.
É provável que a prevenção e o tratamento eficazes do autismo requeiram maior elucidação da ativação imunológica materna por fatores ambientais.
Fonte: The Lancet Psychiatry. DOI: 10.1016/S2215-0366(22)00264-4.