Artigos de saúde
Equipe Editorial Bibliomed
Neste artigo:
- Raiva humana em números
- Medidas de Controle
- Características do ferimento
- Características do animal envolvido no acidente
- Tratamento imediato
Já existem estratégias eficientes para controlar a raiva urbana - transmitida por cães e gatos. No entanto, a raiva silvestre - transmitida por animais como morcegos, raposas e sagüis - permanece sem controle efetivo e, portanto, constitui um problema de saúde pública.
A Raiva é uma doença causada por um vírus e ataca principalmente alguns tipos de mamiferos como por exemplo o gato, o cão e o macaco, mas pode afetar qualquer animal de sangue quente, inclusive o homem.
Em todo o mundo, principalmente na Índia e países vizinhos, cerca de 50 mil pessoas são vítimas da raiva a cada ano. No Brasil, o número de casos de raiva humana caiu de 74 em 1990 para dez em 2002. No entanto, os casos de raiva transmitidos por morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue), vem crescendo, com um registro anual de aproximadamente 20 casos, a maioria transmitida por morcegos hematófagos da espécie Desmodus rotundus (que mordem mamíferos). É a primeira vez no país que a transmissão de raiva para humanos por morcegos supera a por cães. A invasão de ambientes silvestres pelo homem, principalmente em decorrência dos desmatamentos, e a falta de vigilância por parte dos sistemas de saúde podem explicar esse aumento da transmissão da doença por morcegos.
As regiões Norte e Nordeste são responsáveis por 80% dos casos no Brasil, destacando-se Pará e Rondônia, na região Norte, e Maranhão e Bahia, no nordeste brasileiro.
Desde 1995, o Brasil vem mantendo cobertura vacinal canina acima de 80%. As secretarias de vigilância municipais e estaduais vêm realizando rigoroso controle das áreas suspeitas, com vacinação de bloqueio , captura e eutanasia de animais suspeitos.
QUE BICHOS CAUSAM A RAIVA?
São transmissores da raiva o cão, gato e outros animais domésticos (bois, ovelhas, cabras, cavalos, porcos) e todos os animais silvestres, mesmo quando domesticados (micos, macaco, raposas, sagüis etc).
Não se indica tratamento nas agressões causadas pelos seguintes animais:
rato de esgoto, rato de telhado, camundongo, cobaia ou porquinho-da-índia, hamster e coelho.
Nas agressões por morcegos deve-se proceder à soro-vacinação, independentemente do tipo de morcego agressor, do tempo decorrido e da gravidade da lesão.
É muito importante a caracterização tanto do tipo da lesão, quanto ao local da mordida, para determinar qual tratamento deve ser o indicado:
Local da mordida:
Mordidas não graves: são as que acometem outras regiões que não as mencionadas acima e as lambeduras de pele, exceto as mucosas (boca, olhos, órgãos genitais).
Tipo de mordida:
Caso a pessoa seja vítima de varias mordidas o caso também será considerado como grave.
extensão e número de lesões:
De acordo com os critérios acima estabelecidos, as mordidas podem ser assim classificadas:
Acidentes leves:
- ferimentos superficiais, pequenos, geralmente únicos, no corpo, braços e pernas, (exceto mãos, dedos e pés); podem acontecer em decorrência de mordeduras ou arranhaduras. Lambedura de pele, com lesões superficiais exceto mucosas (boca, olhos e genitais), também é considerada como acidente leve.
Acidentes graves:
- ferimentos na cabeça, rosto, pescoço, mão, dedos e pés.
- ferimentos profundos, múltiplos ou extensos, em qualquer região do corpo;
- lambedura de mucosas;
- lambedura de pele onde já existia algum ferimento anterior;
- ferimento profundo causado por unha de gato;
- qualquer ferimento por morcego
Características do animal envolvido no acidente
O estado de saúde do animal no momento da agressão, deve ser identificado, observando se havia sinais sugestivos de raiva. O acidente resultante de um animal provocado geralmente indica uma reação normal do animal, enquanto que a agressão espontânea (sem causa aparente), pode indicar alteração do comportamento e sugere que o animal pode estar acometido de raiva. Outros animais domésticos como vacas e cavalos, também devem ter seu comportamento caracterizado.
Animais silvestres
Animais silvestres, como morcego de qualquer espécie, micos (sagui e "soin"),
macaco, raposa, guaxinin, quati, gambá, roedores silvestres, etc., devem ser classificados como animais de risco, já que nesses animais a raiva não é bem conhecida.
Toda agressão por morcego deve ser classificada como grave.
Há consenso entre os autores em relação à importância da limpeza imediata do ferimento no serviço de emergência em pacientes vítimas de mordedura por animais. Porém, o próximo passo terapêutico a ser tomado é controverso. Muitos autores defendem que o fechamento do ferimento só pode ser realizada em feridas limpas, sem grandes lacerações, decorrentes de mordeduras não humanas e com evolução menor de 5 horas. Entretanto, vários outros trabalhos relatam sucesso no fechamento das mordeduras, independentemente de seu tipo ou tempo de evolução. O motivo para benefício do tratamento primário é a diminuição de procedimentos cirúrgicos reconstrutivos posteriores.
O tratamento imediato também inclui: limpeza prévia, antibioticoterapia, curativos diários e relacionados à higidez do paciente.
Os pacientes que se submeteram à limpeza prévia com água ou com sabão associado tiveram melhor evolução quando comparados com os pacientes que realizaram tratamento prévio não padronizado (por exemplo: água oxigenada, açúcar ou mercúrio). A limpeza deve ser cuidadosa, visando eliminar as sujidades sem agravar o ferimento e, em seguida, devem ser utilizados anti-sépticos que inativem o vírus da raiva (como o polvidine ou álcool iodado).
O uso de antibiótico de 7 a 10 dias é consenso entre diferentes autores.
A indicação do soro antirrabico ou da vacina é mostrada no quadro abaixo::
Tabela do esquema para tratamento profilático anti-rábico humano
A possibilidade de observação do animal por 10 dias: se o animal estiver sadio no momento do acidente, é importante que seja mantido em observação por 10 dias. Nos cães e gatos, o período de incubação da doença pode variar de alguns dias a anos mas, em geral, é de cerca de 60 dias. Se em todo esse período (dez dias), o animal permanecer vivo e saudável não há riscos de transmissão do vírus;
Copyright © 2006 Bibliomed, Inc. 03 de agosto de 2006.
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