Artigos de saúde
© Equipe Editorial Bibliomed
Neste Artigo:
- Sexualidade é Vida
- Sexo e Idade
- Adolescência
- Riscos Orgânicos e Prevenção
- Erotização e Virgindade
- Hímen
- Compreensão Traz Maturidade
- Traumas
- Conflitos
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"A adolescência chega e muitas vezes com ela as primeiras experiências sexuais.
Nem todo mundo sabe, mas o despertar da sexualidade nada tem a ver com a genitalidade,
normalmente acentuada nesta fase da vida. Quando o ser humano nasce, já começa a
desenvolver sua própria sexualidade. Entretanto, em uma sociedade que erotizou o sexo,
incentivando sua prática a qualquer custo, as pessoas perderam o referencial. Muitas
acreditam que os únicos riscos do sexo são físicos, como uma gravidez indesejada ou a
contaminação pelo vírus HIV. Os especialistas, no entanto, alertam que viver plenamente
as experiências sexuais pode trazer outros problemas: traumas que, sem tratamento
adequado, serão carregados por toda vida".
Sexualidade é Vida
A sexualidade será sempre a associação da própria genitalidade, do carinho, do afeto,
do amor e, principalmente, da comunicação. Nem sempre, sua manifestação se dará entre
amantes. "De maneira alguma, a sexualidade quer dizer apenas a relação sexual, a
penetração ou a simples preocupação com os genitais. Ela é algo mais amplo, que passa
a existir com o nascimento do indivíduo. Sexualidade significa vida", esclarece o
Dr. Leonardo Goodson, ginecologista com especialidade em Sexualidade Humana.
Sexo e Idade
O médico explica que as características dessa sexualidade são variadas conforme a
idade. Nas crianças com idades entre zero e 18 meses, começa o processo de aprendizagem
da identidade homem/mulher e dos papéis sexuais. "Neste período, a criança passa a
lidar com a representação cultural do que é ser homem ou mulher. É nessa fase que o
bebê começa a experimentar o próprio corpo e a ter as primeiras experiências sexuais,
ganhando intimidade e confiança principalmente com a própria mãe", explica o
ginecologista.
A apreciação e o exame dos próprios genitais ocorre entre os 18 meses e os três anos
de idade. Depois disto, até os quatro anos, a criança tem sua própria explicação
sobre a origem dos bebês, sendo capaz de assimilar atitudes sexuais - negativas ou
positivas - do meio onde vive. Entre cinco e seis anos, a criança apresenta idéias
fantásticas de como os bebês são gerados. É neste período, que o outro começa a ser
incluído nos jogos sexuais. "A partir dos sete anos, apesar do interesse em assuntos
sexuais, a criança fica retraída com os contatos mais íntimos. Mesmo assim, mantém
brincadeiras sexuais com crianças do mesmo sexo", lembra o médico.
Adolescência
As profundas transformações da puberdade começam aos 10 anos, quando a criança conhece
também a prática da masturbação. A partir de então, acentua-se o desejo de
relacionamento com o outro. O Dr. Leonardo Goodson explica que, normalmente, os
adolescentes com 14 anos têm um amigo íntimo e canalizam o erótico para histórias,
confidências e piadas. Com 15 anos, ocorre a abertura para a heterossexualidade e o
adolescente começa a ter sua identidade sexual afirmada. "Dos 17 aos 23 anos, essa
identidade é consolidada e o jovem passa a ter um objeto amoroso único, com quem mantém
intercâmbio amoroso. Neste período, ele passa a dar e a receber", detalha o Dr.
Goodson.
É a partir da adolescência que o jovem começa a se preocupar com os riscos trazidos
pela Aids. A desinformação costuma reforçar os preconceitos. Segundo o Grupo pela Vida,
do Rio de Janeiro, algumas situações vividas entre duas pessoas não trazem ameaça de
contaminação pelo vírus HIV. Trocar beijos e carícias; apertar as mãos; ter contato
com suor, lágrima e saliva; usar os mesmos pratos, talheres, copos, vasos sanitários ou
assentos; não significam riscos. "A preocupação é justificável, mas nos
esquecemos que a convivência com um soropositivo pode ser saudável, sem que nos tornemos
preconceituosos", alerta o médico.
Riscos Orgânicos e Prevenção
A Aids não é o único risco trazido com o início de uma vida sexual ativa, apesar de
ser o mais temido. A gravidez indesejada e a contaminação por outras Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DSTs) também merecem atenção. "A pílula e a
camisinha não são as únicas formas de prevenção. Existem outros métodos que podem
ser adotados, desde que haja o acompanhamento de um médico ou orientador sexual. Quando
se pensa em adolescência, as recomendações mais comuns são a pílula para a gravidez
indesejada e a camisinha para as DSTs", explica o dr. Goodson. Para evitar a
gravidez, é possível adotar ainda métodos como o coito interrompido, a temperatura
basal e a tabelinha. No entanto, são opções menos confiáveis. Os métodos chamados de
barreiras são os preservativos masculino e feminino, o diafragma e o Dispositivo
Intra-uterino (DIU). Há ainda os anticoncepcionais orais (pílula) e os injetáveis
(mensal e trimestral), além da laqueadura tubária e a vasectomia.
Erotização e Virgindade
A sociedade erotizada chama a atenção para os riscos físicos do sexo, esquecendo-se de
outro ponto que é tão importante quanto a saúde do corpo: a mente sadia. Atualmente, a
mídia tem sido o meio mais feroz de incentivo à vida sexual. No entanto, este incentivo
tem uma proporção infinitamente mais voltada para o lado negativo. "Na televisão,
por exemplo, são muitas horas voltadas para o desrespeito ao próximo, para o incentivo
de receber mais do que dar; e poucos minutos de orientação sexual adequada,
principalmente para os adolescentes. É preciso lembrar que sexo é bom, quando é bom
para os dois", opina o ginecologista. Um dos exemplos de erotização diz respeito à
forma como a sociedade encara a virgindade. O médico explica que ser virgem não
significa de maneira alguma estar fora do mundo atual, mas estar em um momento de
reflexão. "A pessoa virgem ainda não se sente preparada para enfrentar a relação
sexual com a maturidade que ela merece. E isto independe da idade", orienta.
Como as pessoas desconhecem este verdadeiro sentido da virgindade, torna-se antiquado ser
virgem. Atualmente, muitos adolescentes preferem dizer diante da turma que já tiveram a
primeira relação sexual, para não ser massacrados diante de comentários e piadas dos
colegas.
Hímen
"A virgindade é simbolizada pela perda do hímen pela mulher e pela primeira
relação sexual do homem. Mas ela precisa ser vista de forma mais ampla. A virgindade
será sempre perdida quando iniciarmos um novo relacionamento, independente de ser o
primeiro ou não", afirma o Dr. Goodson. O médico defende que o hímen não
direcione o que é ser virgem e, sim, o contato com um novo parceiro, que sempre vai
representar uma nova descoberta. Assim, ao longo da vida, a pessoa estará sempre perdendo
a virgindade a cada novo encontro.
O ginecologista detalha que estar maduro para a primeira relação sexual é compreender o
que ela significa e saber lidar com os problemas que ela pode trazer. A gravidez
indesejada, as DSTs e os problemas relacionais são algumas das dificuldades que podem
aparecer. No entanto, vivido de forma adequada, o sexo possibilita que a pessoa usufrua de
imensos prazeres.
Compreensão Traz Maturidade
A falta de compreensão de como a sexualidade e o sexo devem ser encarados traz inúmeros
riscos - orgânicos e psicológicos. "A gravidez indesejada, as DSTs, a
insatisfação pessoal, o arrependimento, as disfunções sexuais tardias e as
dificuldades no relacionamento são alguns desses riscos", diz o médico. O
profissional orienta que todo passo na vida deve, se possível, ser planejado, diminuindo
as chances de se tornar um problema. Minimizar esses riscos será sempre uma
responsabilidade de cada indivíduo, que deve buscar a orientação adequada, por meio de
profissionais de saúde, professores de orientação sexual, livros especializados e a
própria compreensão. "Entender a si mesmo será sempre algo significativo para
adquirir a maturidade necessária para a vida", lembra.
Traumas
O trauma psicológico aparece sempre que a pessoa se inicia em qualquer área sem estar
preparada. Os problemas psicológicos futuros, neste caso, são inevitáveis. No caso
sexual, a iniciação inadequada pode refletir na conduta dos anos seguintes, trazendo
ansiedade durante a relação sexual, disfunções e dificuldades no relacionamento. Todos
estes problemas influenciam no cotidiano, porque o sexo faz parte da vida e, como tal, é
primordial que seja bem vivenciado.
Conflitos
Para algumas pessoas, as experiências sexuais só ocorrem anos mais tarde, apesar de a
adolescência ser um momento da vida em que a própria biologia leva ao envolvimento
sexual. Para quem ultrapassou esta fase e não vivenciou o sexo, o risco de conflito é
grande. No entanto, se a pessoa está bem consigo mesma, lembrando que a sexualidade
envolve afeto, carinho e comunicação e não apenas genitalidade, não haverá problemas.
Se existe o conflito, é necessário buscar ajuda profissional. O indivíduo deve buscar o
equilíbrio da vida sexual, parando de exigir de si mesmo uma atitude que não pode ser
assumida naquele momento.
Copyright © Bibliomed, Inc. Publicado em 29 de Janeiro de 2004. Revisado em 11 de junho de 2013.
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