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Doença Celíaca

Equipe Editorial Bibliomed

Neste artigo:

- Introdução
- Sintomas
- Diagnóstico
- Fatores e risco de prevenção
- Tratamento

Introdução

A Doença Celíaca é uma desordem sistêmica autoimune desencadeada pela ingestão do glúten, uma proteína presente no trigo, cevada e centeio, e que afeta o intestino delgado. Estimativas apontam que cerca de 1% da população mundial seja afetada em algum grau pela doença celíaca.

Ela é classificada como uma doença autoimune, ou seja, as próprias células de defesa imunológica agridem as células do organismo, causando um processo inflamatório, que ocorre na parede interna do intestino delgado, levando à atrofia das vilosidades intestinais e gerando diminuição da absorção dos nutrientes.

As taxas de diagnósticos estão aumentando, e isso parece ser devido a um aumento real na incidência, em vez de uma maior conscientização e detecção. A doença celíaca se desenvolve em indivíduos geneticamente suscetíveis que, em resposta a fatores ambientais desconhecidos, desenvolvem uma resposta imune que é subsequentemente desencadeada pela ingestão de glúten. Devido à sua associação com o sistema antígeno leucocitário humano (HLA), a doença celíaca é observada em 10% dos parentes de primeiro grau, havendo uma concordância de 70% entre gêmeos idênticos.

Sintomas

A doença tem muitas manifestações clínicas, variando de má absorção grave a apresentações minimamente sintomáticas ou não sintomáticas.

O distúrbio é mais comum em adultos e pode produzir vários ou nenhum sintoma. Em muitos pacientes, a anemia é a única manifestação. O grande desafio reside exatamente na extrema variabilidade e sutileza das manifestações, tendo como consequência o diagnóstico tardio em muitos pacientes.

A Doença Celíaca pode causar sintomas gastrointestinais, como distensão abdominal, flatulência, alterações no apetite e no peso, dor no abdômen, intolerância à lactose e diarreia, e também outros sintomas, como lesões na pele, queda de cabelo, déficit de crescimento em crianças, anemia, infertilidade, fraqueza, cansaço, formigamento nos pés e nas mãos, alterações de humor, menstruação irregular, irritabilidade, osteoporose e osteopenia, maior risco de abortos espontâneos, e, em casos mais graves, linfoma intestinal ou câncer no intestino.

Diangóstico

Ao contrário que muitos pensam, algumas pessoas não nascem com a Doença Celíaca. Apesar de surgir com mais frequência em bebês de até um ano de idade, é possível desenvolvê-la em qualquer fase da vida, inclusive na idade adulta e na terceira idade.

A Doença Celíaca é normalmente diagnosticada através de exame de sangue, no qual se pesquisa o anti-transglutaminase tecidular (AAT) e do anticorpo anti-endomísio (AAE), combinado com endoscopia com biópsia, procedimento no qual é avaliada a mudança nos vilos que revestem a parede do intestino delgado e uma amostra de tecido é colhida e enviada para biópsia.

Fatores e risco de prevenção

A Doença Celíaca tem base genética, portanto, não há medidas específicas para prevenção. O ideal é que familiares, especialmente os de primeiro grau, de pacientes celíacos sejam rastreados para a doença, mesmo que não apresentem sintomas.

Pessoas com diabetes tipo 1, síndromes de Down e Turner, distúrbio autoimune na tireoide, Doença de Addison, Artrite Reumatoide e colite microscópia parecem mais predispostas a desenvolverem a Doença Celíaca.

Tratamento

A Doença Celíaca não tem cura, e seu tratamento consiste na eliminação completa do glúten da alimentação. Cada paciente tem um grau diferente da doença, sendo que há pessoas que conseguem tolerar uma pequena quantidade de glúten. A tendência é que com a suspensão dos alimentos que contêm glúten os sintomas desapareçam e a mucosa do intestino se recupere completamente em até dois anos.

O glúten está presente no trigo (farinha de trigo, macarrão, farinha de rosca, pães, doces, bolos e biscoitos), na cevada (farinha e bala de cevada, cerveja), centeio (pão, malte, uísque), e em produtos prontos encontrados no mercado, como achocolatados, ketchup, mostarda, frutas secas e embutidos, entre outros.

No Brasil, a Lei Federal Nº10.674 de 2003 determina que todas as empresas que produzem alimentos devem informar obrigatoriamente no rótulo se os produtos contêm ou não glúten. Por isso, é fundamental que o paciente celíaco ou seus responsáveis leia atentamente a embalagem de produtos industrializados e, em caso de dúvidas, consulte o fabricante. Além disso, é preciso cuidado especiais para não ocorrer a contaminação cruzada. Para isso, os vasilhames e utensílios utilizados para preparação do alimento do paciente celíaco devem ser separados dos demais, de forma que não tenha contato com nenhum alimento que tenha glúten.

Caso o paciente esteja anêmico ou tenha deficiência de alguma vitamina ou mineral, pode ser necessário fazer reposição com suplementos orais ou, em casos onde o aparelho digestivo estiver comprometido e com dificuldade de absorver vitaminas, via injeção. Assim como ocorre com os alimentos, é preciso se certificar que os suplementos são isentos de glúten.

Copyright © Bibliomed, Inc. 13 de maio de 2020.