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Como lidar com o trauma após a implantação de um desfibrilador

Neste artigo

- Introdução
- Qual diferença entre evento estressante e evento traumático?
- Indicadores de má adaptação
- Como lidar com eventos estressantes?
- Quando procurar ajuda especializada?
- Conclusão
- Referências

Introdução

O cardioversor-desfibrilador implantável (CDI) ajuda a salvar e a melhorar a qualidade de vida de pessoas com problemas no coração. Contudo, para alguns pacientes, ter um CDI ou receber uma terapia a partir do dispositivo pode ser traumático ou estressante.

Receber um diagnóstico de doença cardíaca pode, de fato, ser uma experiência estressante e traumática. Por isso, os profissionais de saúde devem buscar, juntamente com os pacientes, alternativas para o desenvolvimento de ações que minimizem esses efeitos negativos.

Qual diferença entre evento estressante e evento traumático?

Boa parte dos pacientes com CDI enfrenta eventos estressantes e potencialmente traumáticos em algum momento de suas vidas. As reações a esses eventos podem variar, levando a resultados traumáticos ou debilitantes.

A principal diferença entre um evento estressante e um traumático é a reação individual. Se a reação é de medo, impotência ou horror, é tipicamente considerada traumática por especialistas em saúde mental. Alguns pacientes podem desenvolver o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), que é uma reação específica a uma experiência traumática que envolve sintomas como ansiedade excessiva e recordação recorrente do evento em sonhos ou flashcaks.

No público em geral, cerca de 8% das pessoas sofrem com transtorno de estresse pós-traumático. Entre os pacientes com CDI, esse índice chega a 20%, o que significa que uma em cada cinco pessoas que recebem um cardioversor-desfibrilador implantável sofrem com sintomas relacionados ao TEPT.

Os fatores de risco para o desenvolvimento de sintomas do TEPT incluem a falta de apoio da família ou amigos, histórico pessoal ou familiar de doença mental, história de abuso sexual ou físico, e deseordem cognitiva.

Indicadores de má adaptação

Em última análise, a distinção entre um evento estressante e um evento traumático tem mais a ver com a reação da pessoa do que o próprio evento. A forma como a pessoa reage a um evento cardíaco pode indicar como será sua adaptação.

Depois de um evento traumático, algumas pessoas experimentam dissociação, como sensação de dormência ou atordoado ou ter uma experiência fora-do-corpo. As pessoas com estas reações tendem a ter um maior risco de desenvolver sitomas de TEPT.

Pensamentos negativos sobre o evento cardíaco podem causar danos à pessoa, pois resulta em uma experiência estressante, o que causa ansiedade, depressão e comportamentos pouco saudáveis. Um comportamento comum em pessoas com cardioversor-desfibrilador implantável é verificar a pressão arterial com mais frequência do que o recomendado pelo médico, o que pode resultar em comportamento obsessivo e medo.

Como lidar com eventos estressantes?

Frente a um evento estressante ou traumático, é fundamental que a pessoa tenha uma mentalidade de sobrevivência que permita que ela viva bem. Pensamentos negativos pode fazer com que a pessoa opte por atitudes que podem colocá-la em risco.

Pessoas com CDI devem levar uma vida comum, respeitando as limitações importas pelo médico. Atividades físicas moderadas, viagens e sexo são considerados seguros.

O apoio da família e dos amigos é fundamental. O paciente com CDI pode listar as pessoas que podem motivá-lo a atingir seus objetivos é uma alternativa para fazê-lo lembrar que não está sozinho.

É importante destacar que a implantação do CDI não afeta apenas o paciente, mas também seus familiares. Esses devem participar ativamente da vida do paciente, recebendo informações sobre o estado de saúde real do mesmo. Além disso, algumas mudanças no cotidiano da família será necessário para adequação às orientações fornecidas pelos médicos.

Quando procurar ajuda especializada?

Às vezes, o estresse torna-se tão grande que é necessário buscar ajuda especializada. Não é incomum pessoas com cardioversor-desfibrilador implantável procurarem ajuda profissional para lidar com sua nova condição. Psicólogos e outros profissionais da área de saúde podem ajudar os pacientes no controle de seus sentimentos e a conviverem com sua nova condição.

O Transtorno de Estresse Pós-Traumático em pacientes com CDI está associado com piores saúdes físca e mental. O tratamento da TEPT costuma ser de curta duração, levando, em média, 12 semanas, e envolve trabalhos na memória do evento e as crenças da pessoa, além da experiência do implante e a aceitação de sua nova condição cardíaca.

Além do tratamento do TEPT, o profissional de saúde mental pode ajudar no tratamento de outros problemas relacionados à condição cardíaca, como ansiedade e negação.

Conlusão

Ser um paciente cardíaco e/ou viver com um cardioversor-desfibrilador implantável pode ser uma situação estressante que requer estratégias de enfrentamento saudáveis durante situações potencialmente traumáticas. Contudo, apesar da potencialidade de eventos traumáticos em pacientes com CDI, manter o engajamento em atividades apesar da ansiedade e medo, inlcusive de amigos e familiares, é fundamental para uma boa qualidade de vida. Quando os sintomas de angústia, medo, hipervigilância e lembranças negativas persistem, pode ser necessária a intervenção de profissionais de saúde mental.

Referências

Boa Saúde

Bibliomed

FORD, Jessica. SEARS, Samuel F. SHEA, Julie B. CAHILL, John. Coping With Trauma and Stressful Events as a Patient With an Implantable Cardioverter-Defibrillator. Disponível em http://circ.ahajournals.org/content/127/4/e426.full, acessado em 01 de fevereiro de 2013

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