Artigos de saúde
© Equipe Editorial Bibliomed
Neste Artigo:
- Fitness cerebral
- Medicamentos para a memória
A ciência ainda se encontra muito atrasada no que diz respeito às descobertas sobre o funcionamento cerebral. Uma área, que certamente ainda está engatinhando, é a relacionada à memória. Poucas novidades existem, mas algumas dicas podem ser dadas, para que você melhore seu desempenho cerebral e sua memória.
Os exercícios cerebrais, feitos de maneira rotineira, apresentam efeitos muito positivos. Semelhante ao que ocorre com exercícios musculares realizados para se manter a forma física, a atividade cerebral também deve ser realizada com freqüência, procurando sempre estimular nossos principais sentidos: olfato, gosto, tato, visão e audição, bem como nossa memória e inteligência. Esse tipo de exercício pode ser denominado "Fitness" Cerebral, que é a capacidade de se manter em um estado adequado, em forma.
O declínio de nossas funções mentais, que ocorre com a idade, se deve em grande parte à falta de atividade mental que com freqüência segue paralelamente ao envelhecimento. Vários trabalhos científicos realizados em diversos países demonstram claramente que o declínio mental que ocorre com a idade pode ser evitado.
O treinamento da memória por estratégias, como associação de palavras em grupos, podem ser úteis para pessoas com dificuldade de memória, seja devido a uma doença, a uma lesão ou pela idade. Motivação também é importante na execução de tarefas. As estratégias de memorização podem promover mudanças no padrão de funcionamento dos neurônios e reabilitar a memória de forma eficaz. É o que sugere uma pesquisa de doutorado da Faculdade de Medicina da USP. "Após os treinos de memorização foram observadas diferenças não apenas na recordação dos itens propostos, mas na forma de atuar do cérebro", diz Suzan Iaki, autora da tese. A contínua atividade intelectual, como a leitura, exercícios de memória, palavras cruzadas e jogo de xadrez também auxiliam na manutenção da memória.
O conceito de que a função faz o órgão aplica-se tanto ao "fitness" muscular quanto ao "fitness" cerebral. Devemos identificar nossas diversas habilidades mentais e exercitá-las, sempre com regularidade. Devemos estimular nossas percepções, nossa memória (recente e antiga), noções espaciais, habilidades lógicas e verbais, etc.
Os exercícios cerebrais nada mais são do que estímulos às funções cerebrais, que podem estar decadentes devido à idade e que já foram ativas no passado. A ativação deve ser feita diariamente, durante as atividades normais, como o caminhar, durante as refeições ou mesmo durante as compras.
Todo dia procure observar um objeto ou pessoa e desenhe suas principais características. No fim de semana procure recordar as figuras. É um tipo de exercício de memória.
Procure identificar ingredientes dos alimentos pelo gosto e cheiro. Faça isto diariamente e depois procure recordar dos mesmos. Memorize os preços das coisas sempre que possível e procure recordá-las mais tarde.
Procure identificar as pessoas pela voz, ao usar o telefone, por exemplo. Memorize números de telefones. Memorize no fim do dia as pessoas com quem falou. Depois, procure lembrar-se do mesmo para toda semana. Utilize sempre de anotações para consultas posteriores.
Inúmeras outras situações podem ser criadas a partir destas idéias.
Recentes descobertas também mostraram o que pode piorar a nossa memória. Uma equipe de pesquisadores descobriu outra razão para as pessoas emagrecerem. A glicose elevada pode contribuir para a perda de memória. De acordo com este estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, as pessoas de meia idade ou os idosos com glicose elevada possuem um hipocampo menor, região do cérebro relacionada com memória recente.
O hormônio que controla a fome, a leptina, também pode contribuir para aumentar a memória, de acordo com um estudo realizado na Grã-Bretanha e apresentado na conferência anual de Bio Science, em Glasgow, na Escócia.
Verduras também ajudam a combater o envelhecimento cerebral. O hábito de comer saladas diariamente poderia ajudar a retardar o envelhecimento do cérebro, após os 65 anos. Investigadores do Chicago's Rush University Medical Center, estudaram mais de 3.700 indivíduos, com 65 anos ou mais, entre 1993 e 2002. Os participantes realizaram testes de habilidade mental, incluindo testes de memória e de atenção, quando o estudo se iniciou. Após períodos de 3 e de seis anos, esses testes foram repetidos. Além disso, os indivíduos completaram pesquisas acerca de seus hábitos alimentares, incluindo uma lista de 28 vegetais e 14 frutas.
Os pesquisadores dividiram os participantes em cinco grupos, segundo a ingestão média diária de vegetais. A ingestão variou de menos de uma porção, até quatro porções por dia, de verduras. Nos resultados observados, todos os participantes mostraram algum grau de envelhecimento mental com o passar dos anos. Porém, o envelhecimento anual foi 40% menor, nas pessoas que ingeriram maior quantidade de vegetais - três ou quatro porções diárias - se comparados com aquelas que ingeriram menos de uma porção ao dia. Já a ingestão de frutas não alterou o envelhecimento cerebral.
Segundo os pesquisadores, a razão para este efeito benéfico, poderia estar no fato de que os vegetais são ricos em vitamina E, que diminuiria o efeito negativo das gorduras dos alimentos.
Não se conhece, até o momento, qualquer tipo de medicação capaz de melhorar a memória. As inúmeras medicações existentes no comércio, que dizem combater a perda de memória ou ativar o metabolismo cerebral, são placebos, sem qualquer ação objetiva sobre a memória e em geral são constituídas somente por vitaminas.
A diminuição da memória que ocorre na 3a. idade, na grande maioria das vezes é absolutamente benigna, mas freqüentemente, por falta de melhor informação, angustia o idoso, que tem dificuldade de aceitá-la como um fato normal. A perfeita compreensão do fato inexorável e a utilização de uma agenda para as anotações dos fatos recentes, ajudam a conviver satisfatoriamente com o problema.
Duas novas drogas podem ser promissoras para o tratamento da memória, mas estão ainda em fase de teste. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e da Universidade de Surrey, na Inglaterra, anunciaram os resultados dos primeiros testes clínicos, de um novo princípio ativo para melhorar a memória e o desempenho cognitivo. A droga, até o momento chamada de CX717, melhora a comunicação entre os neurônios e, conseqüentemente, facilita o aprendizado e o acesso à memória.
Outra descoberta, publicada em maio de 2005, foi anunciada como a "pílula da memória". Cientistas da Universidade da Califórnia afirmaram ter inventado uma pílula que pode estimular a memória e que já estaria em fase de testes. O criador da droga, Gary Lynch, afirmou à revista New Scientist que ela poderia ser usada para recuperar pessoas em estado de cansaço ou no tratamento de pacientes com Mal de Alzheimer.
Queixas de falta de memória são comuns entre mulheres na menopausa. Agora, uma nova pesquisa, indica que os hormônios, usados para tratar as comuns ondas de calor e outros sintomas da menopausa, podem também melhorar a memória.
Nos resultados encontrados, quando comparadas às mulheres em menopausa que receberam o placebo, aquelas que ingeriram hormônios mostraram um uso mais focado do córtex pré-frontal, sugerindo uma função cerebral mais eficiente.
Como se vê, estudos promissores existem, mas medicamentos efetivos ainda não estão sendo comercializados. O melhor mesmo é a manter uma boa atividade cerebral e ingerir uma alimentação saudável, rica em verduras. Investir nestas duas orientações fará com que seu cérebro fique ativo por muitos e muitos anos.
Copyright © 2007 Bibliomed, Inc. 20 de junho de 2007
Veja também