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Tudo o que você queria saber sobre o Botox®

Neste artigo:

- Introdução
- Histórico
- Propriedades e apresentações farmacêuticas
- Uso cosmético e contra-indicações
- Conclusões

Injeção de toxina botulínica tipo A com fins estéticos é um dos procedimentos cosméticos mais realizados no dias de hoje. Desde que os primeiros estudos nesse sentido foram conduzidos, no início da década de 90, o uso cosmético da toxina botulínica tipo A se tornou assunto comum.

Introdução

Inicialmente desenvolvida para tratar problemas relacionados à hiperatividade muscular localizada, especialmente ao redor dos olhos, a toxina botulínica tipo A tem sido amplamente empregada no tratamento de diversos tipos de alterações localizadas. Sua segurança e eficácia nesse tipo de tratamento já foram corroboradas por diversos estudos clínicos bem desenhados e são atestadas pelo tratamento bem sucedido de centenas de milhares de pacientes ao redor do planeta.

Com o avanço nas pesquisas, cientistas constantemente descobrem novas aplicações para a toxina botulínica tipo A. Atualmente, muitas pesquisas se dedicam a investigar um possível papel terapêutico da toxina botulínica tipo A no tratamento da dor de cabeça tensional e no tratamento da enxaqueca.

Histórico

Há mais de cem anos o pesquisador belga Emile Pierre van Ermengem foi o primeiro a identificar a bactéria Clostridium botulinum como o agente causador de intoxicações alimentares. O avanço nas pesquisas sobre o microorganismo revelou a capacidade de produzir diversos tipos de toxina botulínicatipo A, cada uma com propriedades neurotóxicas peculiares. Muitos anos de testes se passaram até que em 1980 foi relatado o primeiro caso bem sucedido de doença humana tratada com um tipo de toxina botulínica tipo A, denominada BTX-A.

Nos dias de hoje, a BTX-A tem dezenas de indicações médicas distintas, constituindo-se na droga de escolha para o tratamento da maior parte dos casos de alterações localizadas. O uso da droga com esses fins recebe o apoio de inúmeras instituições científicas respeitáveis, como a Academia Norte-Americana de Neurologia, a Academia Norte-Americana de Oftalmologia, o Instituto Nacional de Saúde dos EUA e diversos outros órgãos de respeitabilidade internacional.

Propriedades e apresentações farmacêuticas

A família das neurotoxinas botulínicas conhecidas incluem 7 subtipos distintos, identificados como A, B, C, D, E, F e G1. Embora todas elas sejam capazes de interferir nos mecanismos de liberação de acetilcolina, são diferentes quanto ao tamanho, biossíntese e mecanismo celular de ação, fato que dá a cada uma delas utilidades clínicas peculiares. O subtipo A é o mais potente de todos e foi o primeiro a se tornar disponível para uso em Medicina. O subtipo B também exibiu efeitos benéficos em seres humanos e nos EUA ele já existe em preparações comercialmente disponíveis. Embora os demais subtipos não tenham sido suficientemente estudados, é possível prever alguns de seus empregos em Medicina. A BTX-E e a BTX-F, por exemplo, exibem curto período de ação e poderão ser úteis em pacientes cirúrgicos e vítimas de trauma1.

Existem hoje três formulações de toxina botulínica tipo A no mercado norte-americano. A BTX-A pode ser encontrada como Botox® (Allergan Inc, Irvine, CA – EUA) e Dysport (Ipsen Limited, Berkshire, Inglaterra). A BTX-B está disponível como Myobloc (Elan Pharmaceuticals Inc, South San Francisco, CA – EUA)1. Botox e Dysport são vendidos em um tipo de pó (substancia liofilizada, que é um preparado desidratado e congelado, mas que mantém suas características), para ser reconstituída usando se solução de soro fisiológico. Myobloc é vendido como solução aquosa pronta.

As toxinas botulínicas tipo A são capazes de desencadear respostas imunes que culminam na produção de anticorpos neutralizantes capazes de bloquear os efeitos terapêuticos da droga. Isto é raro mas pode ocorrer e resulta de um mau uso da droga (em doses muitos altas e freqüentes).

Uso cosmético e contra-indicações

A idéia de se aplicar a BTX-A para tratar linhas de expressão na face é bastante atraente, especialmente se considerada sua capacidade de relaxar os músculos faciais sem a necessidade de qualquer intervenção cirúrgica. O forte apelo para o uso cosmético da BTX-A também pode ser explicado pela longa experiência adquirida por médicos no uso da toxina na área da face. O emprego da BTX-B com fins cosméticos não está bem documentado na literatura e a maioria dos estudos realizados nesse sentido se dedicaram aos efeitos da formulação Botox® da BTX-A. Ainda assim existe um número limitado de estudos médicos, versando sobre os efeitos do Botox® administrado com fins cosméticos.

O uso bem sucedido da BTX-A com fins cosméticos depende de seu bom uso, como a correta diluição, o manejo adequado, as contra-indicações de seu uso, as precauções a serem tomadas com as injeções e a educação adequada dos pacientes.

Na diluição da BTX-A, deve ser empregada soro fisiológico em quantidade que dependerá da concentração desejada. Muito diluído terá um efeito difuso e quando pouco diluído um efeito localizado. A escolha entre estas duas opções é variável, sendo que alguns profissionais preferem diluições mais concentradas e em doses pequenas e outros já apostam nas diluições menos concentradas, mas com a injeção de um grande volume.

Os fabricantes das formulações também recomendam que a solução reconstituída seja armazenada por um período de no máximo 4 horas sob temperaturas de 2 a 8 graus.

As principais contra-indicações ao uso da BTX-A são doenças neuromusculares (como a miastenia). Como nenhum estudo foi conclusivo a esse respeito, gestantes devem evitar o uso da BTX-A. A injeção também não deve ser aplicada em áreas de infecção ativa.

Precauções universais devem ser adotadas nos procedimentos de preparo e aplicação das injeções. Agulhas finas são as preferidas por oferecem pouco desconforto aos pacientes.

Os efeitos começam a surgir depois de 1 ou 2 dias, e seu efeito máximo ocorre em torno do quarto dia de aplicação, desaparecendo gradual e lentamente por 3 ou 4 meses. Pacientes que se submetem a vários tratamentos consecutivos podem experimentar a persistência dos efeitos da BTX-A por até 1 ano.

Antes de proceder às aplicações, é importante conhecer as expectativas dos pacientes acerca do tratamento. No tratamento das linhas de expressão da fronte é importante não eliminar a capacidade de contração do músculo frontal a fim de que a força de expressão facial não seja perdida. O desafio de médicos que aplicam BTX-A nessa área é conseguir suavizar as linhas de expressão ao máximo, sem, no entanto, eliminá-las. Um dos principais efeitos adversos da aplicação da BTX-A nessas áreas é a queda da pálpebra, que pode ser evitada se o profissional for experiente e souber onde aplicar o produto. Pacientes com pele fina e delicada tendem a responder melhor às injeções nessa área.

O objetivo do tratamento dos "pés de galinha" é o enfraquecimento de pequenas porções específicas do músculo que se localiza ao redor dos olhos, sem que esse chegue à paralisia. Deve-se tentar usar o menor número de aplicações e injetar o medicamento o mais superficialmente possível.

As injeções de toxina botulínica tipo A podem ser combinadas a outros procedimentos cosméticos a fim de assegurar resultados mais refinados ou duradouros. Não são incomuns associações que empregam a aplicação de BTX-A associada ao preenchimento, à cirurgia de pálpebras e correção de cicatrizes na face.

Conclusões

A crescente literatura acerca do uso da toxina botulínica tipo A em tratamentos cosméticos tem refletido a opinião de médicos que atuam em medicina estética: os tratamentos são altamente eficazes, muito bem tolerados e extremamente seguros. Além disso, são fáceis de ser realizados e dispensam a cirurgia que, muitas vezes, não traz resultados tão refinados e que pode ter conseqüências.

Copyright © 2006 Bibliomed, Inc.                                        17 de Agosto de 2006.