Artigos de saúde
O uso de preservativos torna-se cada vez mais necessário, sobretudo com a disseminação de HIV/AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). É preciso facilitar o acesso aos preservativos, baixar seus custos, promovê-los mais e ajudar a superar os obstáculos sociais e pessoais ao seu uso, se quisermos reduzir as enormes conseqüências e custos das ISTs e da gravidez indesejada.
Toda pessoa sexualmente ativa deve sempre usar preservativos, a não ser que tenha uma relação mutuamente monogâmica. Estima-se que 24 bilhões de preservativos deveriam ser usados a cada ano, mas o uso real é muito menor, de apenas 6 a 9 bilhões.
Para evitar a AIDS, mais e mais pessoas solteiras estão mudando seu comportamento sexual. Alguns passaram a evitar o sexo completamente, enquanto outros adotaram o uso de preservativos. Nos países pesquisados, de 5 a 33% dos homens que nunca se casaram disseram que começaram a usar preservativos para evitar a AIDS. Mas muitos outros não adotaram um comportamento sexual mais seguro. Verificou-se que o índice de uso de preservativos é menor entre casados do que entre solteiros sexualmente ativos, mas muitos casais também deveriam usar preservativos, como forma de planejamento familiar e para se protegerem contra as ISTs.
Diminuição da defasagem
A defasagem entre a necessidade e o uso de preservativos é o maior desafio da saúde pública. No mundo inteiro, pelo menos 33 milhões de pessoas estão vivendo com HIV/AIDS e outros 14 milhões já morreram. Estima-se que 16.000 novas infecções ocorrem a cada dia. Seis entre cada dez novas pessoas infectadas pelo HIV são mulheres, e muitos recém-nascidos contraem o vírus de suas mães infectadas.
Os esforços para aumentar o uso de preservativos são um bom investimento social, econômico e de saúde, pois podem reduzir os índices de infecção pelo HIV e diminuir a disseminação da AIDS, permitindo concentrar-se em outras necessidades da área de saúde.
Por que os preservativos não são usados por um número maior de pessoas?
Apesar da epidemia de AIDS, muitas pessoas continuam a ter comportamentos sexuais arriscados, mesmo quando sabem que os preservativos protegem contra as infecções. É pouco provável que todas as pessoas sexualmente ativas usem sempre preservativos quando precisam. Existem normas sociais muito fortes que encorajam comporta-mentos arriscados por parte dos homens—tais como manter relações sexuais com prostitutas—e ao mesmo tempo desencorajam o uso de preservativos. No caso das mulheres, muitas sociedades tradicionais não lhes dão liberdade para discutir questões sexuais ou exigir o uso de preservativos. Muitas esposas sabem que seus maridos mantêm relações extraconjugais, mas não podem sugerir o uso de preservati-vos, por medo de serem rejeitadas ou assediadas.
Há outros obstáculos ao uso dos preservativos. Algumas pessoas não dispõem de informações suficientes ou então não podem obter facilmente os preservativos. Outras acreditam, erradamente, que correm pouco ou nenhum risco de engravidar ou de contrair uma IST. Os jovens solteiros, homens e mulheres, estão particularmente sob risco pois sofrem pressões sociais para praticar o sexo ou têm dificuldades para obter os preservativos.
Como os programas podem ajudar
Os preservativos permitem evitar as infecções e a gravidez—desde que sejam usados de forma correta e constante. As campanhas de comunicação podem ajudar a transformar em norma social o uso dos preservativos, mostrando que não vale a pena correr riscos. Os programas de planejamento familiar podem ajudar a resolver as questões de confiança, negociação e comunicação entre parceiros, questões estas que são tão importantes para o uso dos preservativos e essenciais à segurança das relações sexuais.
Os preservativos deveriam ser mais acessíveis a todos e não apenas distribuídos por clínicas de saúde e lojas, mas também em hotéis, bares, supermercados e máquinas vendedoras. Os programas deveriam alcançar mais grupos que necessitam de proteção, inclusive os jovens, os homens solteiros e os/as profissionais do sexo.
Mais particularmente, os programas podem oferecer preservativos no varejo, a preços subsidiados, utilizando para isto o marketing social. Nas regiões em desenvolvimento, o marketing social forneceu cerca de 900 milhões de preservativos em 1997.
Acesso e promoção são questões correlatas. A promoção pode melhorar a imagem dos preservativos, retratando-os como divertidos, confiáveis e importantes. As sessões de orientação e os meios de comunicação de massa podem incentivar o comportamento sexual seguro e a discussão do uso de preservativos por parte dos parceiros sexuais.
Justamente por causa da AIDS, muitos países precisam fazer mais para encorajar o uso dos preservativos. Os governos, programas de saúde, fabricantes, instituições doadoras, lojas e serviços de saúde devem trabalhar juntos para assegurar que o suprimento de preservativos, informações e serviços sejam condizentes com sua crescente necessidade.
Population Reports is published by the Population Information Program, Center for Communication Programs, The Johns Hopkins School of Public Health, 111 Market Place, Suite 310, Baltimore, Maryland 21202-4012, USA
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