Artigos de saúde
Neste artigo:
- Introdução
- Fatores de risco
- Causas
- Tipo de trauma
- Outras lesões
- Prevenção
- Comentário
"O ciclismo é um tipo popular de recreação entre as pessoas de todas as idades,
porém acidentes relacionados a esta modalidade são bastante comuns, podendo
levar a seqüelas e até à morte. Em geral os acidentes são mais comuns com
pessoas do sexo masculino e estão relacionados com a velocidade, sendo os fatais
com freqüência devido a colisões com outros veículos motorizados. Apesar das
lesões superficiais da pele e da musculatura serem as mais comuns, os traumas
cranianos são os responsáveis pela maior mortalidade e pelo maior tempo de
inatividade".
Introdução
Em 1994, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, nos Estados Unidos,
estimou que 72,7% das crianças com idade entre cinco e 14 anos possuíam algum
tipo de bicicleta (62% do tipo mountain-bike), perfazendo um total de 27,7
milhões de crianças ciclistas.
Um trabalho apresentado por MATTHEW J. THOMPSON, M.B., CH.B, and FREDERICK P.
RIVARA, M.D., M.P.H. da University of Washington School of Medicine, Seattle,
Washington, apresenta dados interessantes.
Os autores mencionam que os acidentes relacionados ao ciclismo são responsáveis
por aproximadamente 900 mortes, 23.000 internações hospitalares, 580.000 visitas
ao departamento de emergência e, a mais de 1,2 milhões de visitas médicas, por
ano, nos Estados Unidos. O custo anual estimado em mais de oito bilhões de
dólares. Em 1988 foi estimado que aproximadamente 4,4 milhões de crianças, com
idade entre cinco e 17 anos, foram feridas em acidentes envolvendo a
participação em esportes ou recreação, sendo que destes, 10% a 40 % se
relacionavam com o ciclismo.
Fatores de risco
Entre as condições de risco para os acidentes devido ao ciclismo, o estudo
destaca: ciclista do sexo masculino; idade entre nove e 14 anos; verão; fim de
tarde ou no início da noite; não usar capacete; automóvel envolvido; ambiente
inseguro; ciclista portador de distúrbio psiquiátrico; intoxicação (álcool e
outras drogas); competições com de mountain-bike.
Causas
As causas apontadas foram principalmente falhas do ciclista como perda de
controle, inexperiência, realização de acrobacias e alta velocidade, falha do
motorista de outro veículo envolvido, ambientes perigosos (obstáculos, cascalho
na pista) e problemas mecânicos na bicicleta. Em geral, as colisões com outros
veículos e a alta velocidade são os responsáveis pelos acidentes fatais.
Tipos de trauma
No levantamento realizado as lesões se localizam primeiramente nas extremidades,
seguidas de lesões na cabeça, face, abdômen ou tórax e pescoço. Os traumas
superficiais são os mais freqüentes e se caracterizam por abrasões, contusões e
lacerações. As abrasões podem envolver parcial ou totalmente a espessura da
pele, sendo no último caso, necessária uma intervenção cirúrgica para prevenir
“tatuagens traumáticas”. As distensões, fraturas e luxações também são comuns,
podendo ser identificadas por deformidades, edema, dor, hematomas ou alteração
da função. Muitas vezes é necessário um estudo de imagem para o diagnóstico.
Os traumas cranianos (contusão cerebral, hemorragia intracraniana, fraturas)
ocorreram em 22% a 47% dos ciclistas acidentados, sendo responsáveis por 60% dos
óbitos e por um longo tempo de inatividade. As lesões do pescoço foram raras, e
geralmente decorreram de colisão direta com outro veículo. O trauma abdominal é
representado por lesões no baço, fígado, pâncreas, rins, hérnias traumáticas e
fraturas pélvicas dentre outras. O trauma perineal pode envolver os órgãos
genitais e a uretra. Foi mencionado que os ciclistas “rurais” (off-road) têm uma
incidência de acidentes 40% menor que os urbanos.
Outras lesões
O trabalho destacou que a atividade ciclística propicia, além do trauma, lesões
tardias, que ocorrem principalmente devido à constância da atividade
(principalmente em competidores) e ao posicionamento incorreto do ciclista (com
relação ao assento e ao pedal). As dores no pescoço e nas costas foram as
queixas mais comuns dos ciclistas.
Prevenção
Os especialistas sugerem que os alongamentos são benéficos antes do ciclismo e
que se deve diminuir a distância ao guidão e reduzir discretamente a inclinação
do selim.(10 a 15 graus). A pressão prolongada do guidão e a posição dos punhos
podem levar a uma neuropatia progressiva nas mãos, sendo a mais comum a síndrome
do túnel do carpo.
Outras medidas preventivas sugeridas incluíram utilizar um selim mais
confortável, vestir bermudas com almofadas e utilizar todos os equipamentos de
segurança. A interação entre atrito, suor e roupas justas propicia maceração e
irritação da pele na virilha.
O uso de capacetes produz um efeito substancial reduzindo em 74% a 85% as lesões
na cabeça e em aproximadamente 65% traumas na região superior da face e no
nariz, desde que utilizado corretamente. Medidas de conscientização quanto ao
uso de capacetes estão sendo muito eficazes nos Estados Unidos, propiciando um
aumento na adesão de 40% a 50% em várias comunidades. A utilização de luvas
reduz substancialmente as lesões superficiais da mão e previne a compressão de
nervos. O uso de óculos de policarboneto protege contra os raios solares e
corpos estranhos.
No geral, crianças menores de 10 anos devem evitar pedalar em locais com tráfego
de veículos e as demais devem treinar, antecipar os erros dos motoristas e
avaliar as condições de tempo. Outras medidas eficazes sugeridas
consistem em separar ciclistas e motoristas (ciclovia) e proibir que eles andem
no passeio (um estudo recente mostrou que andar no passeio é mais perigoso que
andar nas ruas).
Comentário
É muito oportuna a discussão sobre os riscos e a prevenção de acidentes
envolvendo ciclistas. O número de adeptos do ciclismo em todo o mundo é muito
grande, seja como atividade esportiva, recreativa ou de trabalho. As crianças e
os adolescentes são especialmente vulneráveis aos acidentes com bicicletas.
Andar de bicicleta está associado a uma sensação de liberdade, aventura e
prazer. Os benefícios para o desenvolvimento físico e emocional são inequívocos,
entretanto, ao adotar o hábito é fundamental que os jovens sejam corretamente
orientados e supervisionados pelos adultos responsáveis.
Referências Bibliográficas:
1. MATTHEW J. THOMPSON, M.B., CH.B, and FREDERICK P. RIVARA, M.D., M.P.H.; University of Washington School of Medicine, Seattle, Washington.
Copyright © 2004 Bibliomed, Inc. 06 dezembro de 2004
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