Artigos de saúde
© Equipe Editorial Bibliomed
Neste Artigo:
-
Necessidade de Vacina Depende da Susceptibilidade Individual e do Roteiro da Viagem
- Insetos
- Febre Amarela
- Leishmaniose Tegumentar Americana
- Malária
- Água e Alimentos
- Doenças Transmitidas Pelo Ar
- Contato Com Animais
- Doenças Sexualmente Transmissíveis
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"Dependendo do roteiro, período do ano e condições de hospedagem,
prevenir doenças típicas de determinadas regiões faz-se necessário para que
se evite dissabores quando tudo que se quer é curtir as férias. Os médicos
indicam algumas das vacinas necessárias para proteger a tranqüilidade das
viagens, o que deve ser pensado com até um mês de antecedência. Alguns
países da África, da Ásia e também da América do Sul exigem a
apresentação do Certificado Internacional de Vacinação contra a Febre
Amarela, ao se chegar ao País. Isso inclui o Brasil".
Necessidade
de Vacina Depende da Susceptibilidade Individual e do Roteiro da Viagem
Segundo informações do Cives (Centro de Informação em Saúde para
Viajantes), a susceptibilidade individual e outras características da viagem
(roteiro, período do ano, condições de hospedagem) são os principais fatores
presentes nos riscos de se adoecer em viagens. Os médicos indicam que as
vacinas necessárias para proteger a tranqüilidade das viagens sejam aplicadas
com antecedência de um mês. Alguns países da África, da Ásia e também da
América do Sul exigem a apresentação do Certificado Internacional de
Vacinação contra a Febre Amarela, ao se chegar ao País. O Brasil é um deles.
Outras vacinas, que imunizam contra o Tétano, Difteria, Sarampo, Rubéola,
Caxumba e Hepatite B, são optativas, mas recomendáveis pelo CVA (Centro de
Vacinação de Adultos). Em alguns casos, indica-se também imunizações contra
a Gripe, a Pneumonia, a Poliomielite e a Febre Amarela.
Sempre que se viaja para fora do Estado de São Paulo, indica-se, no Hospital
das Clínicas, que seja tomada a vacina contra febre amarela. Essa vacina é
necessária tanto para quem chega ao Brasil quanto para quem sai do Estado e vai
viajar internamente pelo país, principalmente se o roteiro incluir a região
Amazônica.
Mas, nem só de vacina vive a prevenção. Uma série de medidas pode evitar
desagradáveis doenças típicas de viajantes e turistas desavisados. Abaixo, as
formas de contágio, descrições das principais doenças e algumas
recomendações dos especialistas.
Insetos
Para se poder prevenir algumas doenças típicas de viagens, é necessário que
se esclareça quais os seus meios de transmissão. Sabe-se que a Malária, a
Febre Amarela, a Dengue, a Doença de Chagas, dentre outras, são transmitidas
por insetos. O CVA esclarece que como medida de proteção, deve-se averiguar a
necessidade de vacinação contra a Febre Amarela (vacina com validade de dez
anos) e, dependendo do roteiro, deve-se tomar a vacina contra Encefalite
Japonesa. Utilização de mosquiteiros, de repelentes e de inseticidas podem ser
de grande auxílio para os viajantes contra a ação dos insetos.
Febre Amarela
Em artigo para o site sobre a Amazônia do Exército Brasileiro, o Dr. Mário
Rosas Filho, infectologista do Hospital Geral de Manaus, explica que a Febre
Amarela é uma doença aguda, causada por um vírus transmitido por insetos e
pode apresentar tanto ciclos urbanos como silvestres. Normalmente, é uma
doença de animais silvestres, que, acidentalmente atinge humanos. É comum,
portanto, que contamine os que estão exercendo atividades militares na área da
selva (daí a preocupação do Exército), mas também aqueles que trabalham no
extrativismo vegetal, caça ou desmatamento. Ela acontece no norte do Brasil,
abrangendo toda a Amazônia, e acomete cerca de 500 pessoas por ano.
Nas regiões urbanas, quem transmite a doença é o mosquito Aedes Aegypti, que
capta o vírus de alguém doente e passa a alguém sensível à doença. Embora
não se registrem casos há mais de cinqüenta anos, a intensa proliferação do
Acedes Aegypti nos grandes centros urbanos brasileiros ressuscita o temor de uma
reemergência.
O ciclo silvestre é transmitido pelas fêmeas de mosquitos antropófilos. Estas
fêmeas necessitam de sangue para amadurecer seus ovos e, com sua atividade
diurna, na copa das árvores, pode vir a infectar o homem acidentalmente, quando
este invade seu ecossistema.
Depois de três ou seis dias de incubação, surgem os primeiros sintomas: febre
alta, cefaléia, congestão conjuntival, dores musculares e calafrios, explica o
especialista de Manaus. Algumas horas depois, acrescenta, podem acontecer
náuseas, vômitos e diarréia, correspondendo à fase em que o vírus está
circulando no sangue, ou seja, o período de infecção. Em dois ou três dias a
doença evolui para a cura espontânea, ou seja, o período de remissão.
De acordo com o médico, algumas formas graves de Febre Amarela podem surgir um
ou dois dias após a cura aparente, observando-se um aumento da febre e dos
vômitos, prostração e icterícia (período de intoxicação). Depois surgem
outros sintomas de gravidade da doença, como hematêmese (vômito negro),
melena (fezes enegrecidas), petéquias (pontos vermelhos) e equimoses (manchas
roxas) em várias regiões da superfície corporal, desidratação, agitação,
delírio, parada renal, torpor, coma e morte (em 50% dos casos).
O médico amazonense explica que o diagnóstico da Febre Amarela é
essencialmente clínico, sendo que nas formas graves somente é obtido
post-mortem, através de provas laboratoriais para isolamento do vírus e exame
anátamo-patológico.
Infelizmente, não existe tratamento específico para o vírus da Febre Amarela.
O que se pode fazer, segundo o Dr. Mário, é usar medicação sintomática,
evitando-se os salicilatos (Ácido Salicílico e derivados), em função do
risco de hemorragias, utilizando-se, preferencialmente, o Paracetamol. Na
opinião do especialista, pacientes com formas graves da doença necessitam de
cuidados de Terapia Intensiva.
A vacina, de acordo com o médico, é fundamental para quem vai viajar para
áreas de risco, como a Amazônia. A vacina é a antiamarílica, na dose de 0,5
ml por via subcutânea, com aplicação de reforço a cada 10 anos. A
aplicação não é recomendada para gestantes e portadores de
imunodeficiência, inclusive portadores de HIV. Em São Paulo, recomenda-se que
toda pessoa que entre ou saia do estado faça a vacina, embora a doença tenha
maior incidência apenas na região amazônica. Além disso, o uso de
repelentes, telas nas janelas e mosquiteiros é recomendado para quem viaja para
estas regiões como forma de prevenção.
Leishmaniose Tegumentar Americana
Menos conhecida, a Leishmaniose Tegumentar Americana também é uma
doença infecciosa, de evolução que tende a cronicidade, não contagiosa,
causada por diferentes espécies de protozoários do gênero Leishmania e
transmitida por insetos hematófagos genericamente designados flebótomos, comum
na região amazônica. Não existe vacina disponível e as condições
eco-epidemiológicas da Amazônia não permitem a instituição de medidas
profiláticas adequadas. A explicação é também do Dr. Mário Rosas Filho, do
Hospital Geral de Manaus, infectologista e médico-capitão.
De acordo com o especialista, esta doença tem como reservatório animais
silvestres, como o tamanduá, a paca, o bicho-preguiça, o gambá e algumas
espécies de roedores. Os animais são picados pelos flebotomíneos e o homem
só é infectado acidentalmente, quando invade o ecossistema do protozoário, em
atividades de extrativismo animal, vegetal ou mineral, ou quando da
implantação de projetos agrícolas ou habitacionais em áreas recentemente
desmatadas ou ainda militares que participam de operações em área de selva.
A doença é endêmica na região amazônica, com significativa incidência em
todos os estados da região, informa o especialista. É caracterizada pelo
polimorfismo lesional, comprometendo a pele, comumente manifestando-se como uma
lesão ulcerada, única ou múltipla, medindo entre 3 a 12 cm de diâmetro, com
bordos elevados, base granulosa e sangrante, freqüentemente associada à
infecção bacteriana secundária. Podem ocorrer lesões mucosas e
cartilaginosas, que geralmente iniciam-se na mucosa nasal, surgindo coriza e
sangramento nasal, evoluindo para perfuração do septo nasal, destruição da
fossa nasal, mucosa, cartilagem e nos casos mais severos comprometendo assoalho
da boca, língua, laringe, traquéia e brônquios, com mutilações graves,
podendo afetar as funções vitais levando ao óbito.
O médico explica que também nesta doença o diagnóstico é clínico, baseado
nas características das lesões cutâneas, principalmente da lesão ulcerada
leishmaniótica e laboratorial através dos seguintes exames: Raspado da borda
da úlcera, isolamento do parasita em cultura, isolamento do parasita em animais
de laboratório ("hamster"), intradermoreação de Montenegro,
imunofluorescência indireta e exame anátomopatológico da lesão.
Para o tratamento da Leishmaniose Cutâneo-Mucosa, o médico indica ainda os
antimoniais pentavalentes, ou seja, meglumina antimoniato e stibogluconato de
sódio. Podem ser testadas ainda a Anfotericina B e Pentamidina. Todas as drogas
empregadas são de administração injetável, com várias aplicações,
dificultando a adesão dos pacientes. Ele acrescenta ainda que fatores
imunogenéticos podem retardar consideravelmente a cicatrização das lesões.
Malária
Outra doença que é comum no Brasil é a Malária. De acordo com o
médico-capitão Mário Rosas Filho, infectologista do Hospital Geral de Manaus,
em artigo publicado pelo site sobre a Amazônia do Exército Brasileiro, a
Malária é uma doença infecciosa, febril, não contagiosa, sub-aguda, aguda e
algumas vezes crônica, causada por protozoários do gênero Plasmodium,
transmitida através da picada das fêmeas dos mosquitos do gênero Anopheles. A
doença é comum em toda a Amazônia, que com seu calor e umidade e a grande
extensão dos seus rios, é terreno fértil para a proliferação dos
anofelinos, o que dificulta o controle da doença. A malária tem grande
importância entre as doenças típicas da Amazônia, pois infecta anualmente um
número muito grande de pessoas, freqüentemente com casos bastante graves,
inclusive com elevada mortalidade.
A incubação da doença pode variar de nove a quarenta dias, sendo os sintomas
mais graves nos indivíduos primo-infectados. Os principais sintomas, segundo o
Dr. Mário, são: cefaléia, mialgias, prostração, perda do apetite, mal-estar
geral e calafrios seguidos de febre de início súbito, elevada (acima de 40oC)
e intermitente, que ao cessar desencadeia sudorese profusa.
Nas formas graves, explica o médico, o paciente apresenta também vômitos,
diarréia, cianose de extremidades, pele fria e pegajosa. Pode haver
diminuição do volume urinário nas 24 horas evoluindo para Insuficiência
Renal Aguda. Nos casos graves é freqüente a complicação de edema pulmonar e
também a síndrome de angústia respiratória do adulto, além de sangramentos
digestivos, subcutâneos e de outras localizações, que em geral levam à
morte. O diagnóstico é clínico-epidemiológico e laboratorial, através da
detecção de plasmódios no sangue periférico (esfregaço ou gota espessa),
além da utilização de métodos imunoenzimáticos ou de radioimunoensaio nos
casos de maior dificuldade diagnóstica.
Infelizmente, a malária não possui vacina, existem quatro espécies de Plasmodium que parasitam o homem, enquanto 22 infectam macacos e 50 parasitam aves ou répteis. No Brasil temos três espécies que parasitam o homem.
A indicação da bióloga Priscila Elizângela de Ávila, do
Laboratório de Malária da SUCEN - Superintendência e Controle de Endemias,
vinculado ao Ambulatório dos Viajantes do Centro de Imunizações do Hospital
das Clínicas de São Paulo, indica apenas que, uma semana antes de viajar,
tome-se uma cápsula por dia dos complexos vitamínicos B e E e também
cápsulas de alho, que propiciam ao corpo que exale um odor que repele o
mosquito.
A médica também recomenda que se use repelente com DEET, em especial ao
entardecer e ao amanhecer, que é quando os mosquitos saem para se alimentar. É
ainda recomendável que se feche as janelas nestes horários. Quanto aos
sintomas, é preciso ficar atento para calafrios, dor nas juntas e febre, entre
oito e 15 dias após a exposição aos mosquitos. Se estes sintomas se
manifestarem, vale a procura de um centro médico. A malária, explica, é
curável e a medicação é via oral. Nem todo o Brasil está sujeito à
malária: a doença é mais comum na Amazônia.
No tratamento, o médico amazonense utiliza drogas antimaláricas, como a
Cloroquina e Primaquina para P. vivax e Quinino associado à antimicrobianos e,
mais recentemente, derivados da Artemisina, no tratamento de malária pelo P.
falciparum. Os pacientes graves necessitam de cuidados em Unidade de Terapia
Intensiva.
As medidas de proteção individual, preconizadas pela bióloga paulista, foram
consideradas difíceis pelo médico situado em Manaus. "O uso de repelentes
nas áreas expostas do corpo e a instalação de telas nas portas e janelas das
habitações, são inviabilizadas pelas condições climáticas regionais (calor
e umidade excessivos) e tipo de habitação do amazônida (casas com paredes
incompletas)", avaliou. Para o turista, no entanto, estas medidas são mais
viáveis, por contarem com estrutura hoteleira em Manaus em condições muito
diferentes da enfrentada pela grande população de baixa renda da cidade e da
região.
Água e Alimentos
Há outras doenças que são transmitidas através da ingestão de água
e de alimentos. Dentre essas, vale destacar: Cólera, Febre Tifóide, Hepatite
do tipo A, e do tipo E, Poliomielite, Verminoses de diversos tipos. Além das
vacinas, condições de saneamento básico, água tratada, higiene com os
alimentos, são quesitos necessários para prevenir-se. Evitar alimentos crus e
não comer alimentos vendidos por ambulantes são outros cuidados importantes.
O contato com a água pode causar, ainda, Leptospirose e Esquistossomose. Não
beber diretamente de latas e garrafas, sem lavá-las adequadamente (pois esses
materiais podem ter sido contaminados com a urina de ratos) e não se banhar em
lagos e águas desconhecidas são medidas de proteção contra essas doenças.
Doenças Transmitidas Pelo Ar
Um outro grupo de doenças são as transmitidas pelo ar, ou seja, pelas
vias respiratórias. Dentre elas, destacam-se: Sarampo, Rubéola, Caxumba,
Tuberculose, Difteria, Gripe. Além das vacinas, evitar locais com aglomeração
de pessoas e locais fechados, são medidas preventivas.
Contato com Animais
Existem ainda as doenças transmitidas ou adquiridas através do contato
com animais. Acidentes com animais peçonhentos, infecções secundárias às
mordeduras e raiva são algumas delas. Como medida de proteção, especialistas
recomendam que, caso o viajante presuma que será exposto ao contato com
animais, que faça a vacinação anti-rábica.
Além disso, os estudiosos indicam que o turista evite o contato direto com
qualquer animal que não conheça, uma vez que até alguns tipos de borboletas e
sapos possuem venenos ou toxinas que podem levar à morte.
Se o roteiro de viagem incluir praias, principalmente as oceânicas, compensa
informar-se sobre a presença de peixes, moluscos, celenterados (água viva,
caravelas), esponjas ou ouriços do mar, que possam causar alguma espécie de
dano físico com o contato direto ou ingestão. Se ocorrer mordedura, arranhão
ou contato com a saliva de animal em algum ferimento ou na boca, a
recomendação é lavar a região com água corrente e sabão e procurar,
imediatamente, por assistência médica.
Caso o animal seja doméstico, tal como cães e gatos, o dono deve ser contatado
caso haja mudança de comportamento ou morte do animal. Estas medidas são
importantes para a proteção contra raiva.
Se o turista for andar em pequenas vilas, campo, sítios, fazendas e florestas,
principalmente agora, que atividades de ecoturismo, como caminhadas, trilhas e
travessias de rios estão na moda, a melhor medida preventiva é usar botas de
cano longo, evitando acidentes com animais peçonhentos (aranhas, escorpiões e
cobras), comuns no interior do Brasil. Esta medida também evita a aquisição
de verminoses.
Ao contrário do que se pensa, caso sofra algum acidente com animais
peçonhentos, a recomendação médica é que não se faça tentativas de
retirada do veneno através de sucção da ferida, nem que se façam
torniquetes. A indicação é que se procure imediatamente por auxílio médico.
Doenças Sexualmente
Transmissíveis
Em tempos de Carnaval no Brasil, as medidas preventivas às DSTs estão
constantemente presentes nas campanhas do Ministério da Saúde. AIDS, Hepatite
B, Herpes genital e labial, Sífilis, Gonorréia, Cancro Mole, Linfogranuloma
Venero, entre outras, são as doenças mais comuns. A única que possui vacina
eficaz é a Hepatite B, e é aconselhável que se verifique a necessidade de
toma-la antes de viajar ou expor-se a situações de risco.
Em qualquer hipótese, a melhor forma de prevenir doenças como estas está no
uso do preservativo de látex, a popular camisinha, em todas as relações
sexuais (mesmo as orais e anais).
É importante lembrar que as medidas de prevenção, e mesmo as vacinas diminuem
significativamente o risco de adoecimento, mas não o anulam por completo. Se
surgirem sinais ou sintomas de alguma das doenças, em especial febre, mal
estar, diarréia, é fundamental que se procure, imediatamente, um serviço
médico.
Copyright © 2012 Bibliomed, Inc. Publicado em 13
de janeiro de 2011 Revisado em 20 de dezembro de 2012.
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