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Neste Artigo:
- O Que é a Febre
do Oeste do Nilo: Conheça a Doença
- Surgimento em Nova York
- Principais Conseqüências
"O vírus, conhecido como Oeste do Nilo, é transmitido por mosquitos que
picam pássaros contaminados. Ele é comum na África e no Oriente Médio e nunca havia
sido detectado nas Américas. No ano passado, sete pessoas morreram em Nova York em
decorrência desse vírus, causador de doenças cerebrais graves como a encefalite. Não
há vacina contra o Oeste do Nilo, que é considerado um vírus emergente. O Brasil ainda
não detectou casos de pessoas contaminadas".
O Que é a Febre
do Oeste do Nilo: Conheça a Doença
O vírus do Oeste do Nilo, que recebeu este nome por ter aparecido pela primeira
vez numa região de Uganda (em 1937) nunca havia sido detectado no continente americano
até 1999. Na ocasião, sete pessoas morreram e pelo menos 62 apresentaram os sintomas na
região de Nova York. Ao contrário do que se imaginava, o vírus sobreviveu ao inverno e
reapareceu este ano em mosquitos e pássaros mortos em três Estados norte-americanos:
Nova York, Nova Jersey e Connecticut. Ainda não há notícias de casos de infecção em este
ano. Há alguns meses, as autoridades sanitárias iniciaram uma campanha para impedir o
crescimento da população de mosquitos na região, atacando os locais onde eles costumam
se alimentar. De acordo com dados da prefeitura de Nova York, pássaros e mosquitos
carregando o vírus do Oeste do Nilo já foram encontrados em pelo menos três bairros
urbanos e seis subúrbios.
A febre do oeste do Nilo é uma doença causada por um vírus da família dos flavivírus.
Ele é muito parecido geneticamente com o vírus St. Louis (típico dos EUA) e com o
Kunjin (típico da Austrália, Malásia e Indonésia). O vírus é transmitido pela picada
do mosquito Culex infectado após picar um pássaro doente. Não existe possibilidade da
transmissão ocorrer entre duas pessoas. Os sintomas mais característicos são febre, dor
de cabeça, dor nos olhos e dores musculares e podem surgir entre 4 e 21 dias depois da
contaminação, período de incubação do vírus. "Em casos mais raros pode causar
meningite e encefalite. Na maioria das vezes, o vírus causa apenas febre e outros
sintomas parecidos com o da gripe. Pessoas com baixa capacidade imunológica podem
desenvolver as doenças cerebrais, o que pode levar à morte", explica Dr. João
Santana, virologista do Departamento de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Não há tratamento específico para a doença. Os médicos tratam apenas os
sintomas. O vírus do Nilo já espalhou vítimas por várias regiões do planeta. Apesar
de ser típico da África, também já houve casos na Romênia, no Paquistão, na Itália,
França e Rússia. Ainda não foi registrado nenhum caso da doença no Brasil.
Surgimento em Nova York
O vírus foi descoberto em Nova York através de testes feitos nos cadáveres de pássaros
do zoológico do Bronx, e de um corvo na região de Westport, Connecticut, um Estado
vizinho. Paralelamente, um laboratório na Califórnia identificou o vírus do Oeste do
Nilo como o causador da doença em vários pacientes da região. Ainda não se sabe
exatamente como o vírus chegou aos Estados Unidos, mas imagina-se que tenha sido por meio
de alguma espécie migratória vinda da Europa ou pela importação ou tráfico de
animais.
Segundo uma porta-voz do CDC (Centro de Controle de Doenças) dos EUA, Barbra Reynolds, os
pássaros em que o vírus foi encontrado migram para regiões da América Central, Caribe
e da América do Sul, incluindo o Brasil. Por causa desse fluxo migratório, o diretor da
divisão de doenças infecciosas provocadas por vetores do CDC, Duane Gubler, declarou que
"há uma boa possibilidade de que o vírus já tenha sido levado para regiões ao sul
do país. E nós vamos repensar toda a nossa estratégia de vigilância". Até
então, pensava-se que um vírus conhecido como St. Louis provocava a febre e as dores de
cabeça que começaram a aparecer nos moradores de Nova York no início do ano passado.
Em julho deste ano, o prefeito de Nova York cancelou a apresentação da Filarmônica de
Nova York no Central Park, coração da ilha de Manhattan, onde mosquitos infectados foram
encontrados. O prefeito nova-iorquino, Rudolph Giuliani, disse que mosquitos infectados
com o vírus foram detectados em três locais distintos, dois no Central Park e um em
Staten Island. Dezenas de milhares de pessoas eram esperadas para a apresentação. Mas o
prefeito disse que seria correr riscos demais permitir que uma multidão dessa dimensão
estivesse exposta ao vírus. "O concerto traria entre 30 e 40 mil pessoas ao parque,
e o comissário de saúde Neal Cohen disse que era recomendável o seu cancelamento",
afirmou o prefeito na ocasião. Foi a primeira vez em 34 anos que a Filarmônica de Nova
York teve um concerto cancelado.
Principais Conseqüências
As pessoas atacadas pelo vírus do Oeste do Nilo podem sofrer de encefalite, uma
inflamação do cérebro, ou de meningite (inflamação das meninges, peles finas que
recobrem o sistema nervoso central). Os sintomas da contaminação com o vírus do Oeste
do Nilo podem incluir febre alta, dores de cabeça e no corpo, fraqueza muscular e perda
da consciência. As autoridades sanitárias dos EUA não sabem como o vírus chegou à
região de Nova York. Ele pode ter chegado por meio de um pássaro ou de uma pessoa
infectada voltando de uma viagem a um dos lugares onde o Oeste do Nilo é comum (África,
Sudeste Asiático e Oriente Médio). No ano passado, quando Nova York começou a encontrar
dezenas de casos, as autoridades sanitárias brasileiras adotaram a prática de lançar
spray para matar mosquitos em todos os vôos que ligavam a cidade norte-americana ao
território brasileiro.
Em 99, o CDC não descartou a possibilidade de pássaros migratórios espalharem o vírus
do Oeste do Nilo para o sul dos EUA, a América Central e, eventualmente, a América do
Sul. O CDC recomenda, como estratégia de prevenção, que os moradores das áreas onde
foram registrados casos do vírus usem repelentes e camisetas de mangas compridas. A
partir de agora, todos os casos de encefalite registrados nos Estados Unidos que não
haviam sido associados anteriormente ao St. Louis serão reavaliados. Os tecidos de oito
vítimas fatais e os resultados de exames de sangue de 162 pacientes serão revistos.
Mesmo assim, a Prefeitura de Nova York afirma que não irá mudar a sua estratégia de
combate à doença.
Desde o início da propagação do vírus a prefeitura vem detetizando a cidade e os seus
arredores. Segundo os agentes de saúde da cidade, a detetização será mantida porque
tanto o St. Louis quanto o Oeste do Nilo são transmitidos por mosquitos. Desde o início
da detetização, não foi registrado um novo caso da doença em Nova York. A Agência
Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil informou que a possibilidade do vírus chegar
com pássaros que migram de Nova York não está sendo avaliada. A prevenção à doença
está sendo feita por meio de pulverização de aeronaves e embarcações contra a chegada
de mosquitos infectados ao Brasil.
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19 de Outubro de 2000
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