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Prática Sexual Pós-Infarto

Saiba mais sobre a necessidade de buscar a orientação de um especialista

A prática sexual do infartado pode ser retomada pelo paciente até uma semana após o infarto, desde que a atividade seja liberada pelo cardiologista após a análise do sistema cardiovascular da pessoa. Habitualmente, esta avaliação se baseia no teste ergométrico. "O exame é feito uma semana após o infarto. Se nenhuma alteração importante foi diagnosticada, o paciente pode retomar sua vida sexual imediatamente" diz a Dra. Maria Letícia Moura dos Anjos, coordenadora científica do curso de especialização em cardiologia do Hospital Socor e cardiologista do Departamento de Coronária da Sociedade Mineira de Cardiologia.

A cardiologista informa que a atividade sexual no âmbito conjugal corresponde, em relação ao esforço empreendido pelo coração, a subir dois lances de escada. "O público acha que é pouco, mas não é. Existe a necessidade da avaliação cardiológica, pois algum problema pode existir que só se manifestará no teste", informa acrescentando que qualquer sintoma ou alteração deve ser acompanhada e tratada antes da retomada da vida sexual. Outro fato, que contribui para o agravamento do quadro, reside na timidez e na vergonha do paciente - principalmente do sexo feminino - em perguntar e abordar este assunto junto ao especialista. "Não é raro que o próprio cardiologista se esqueça de tocar nesse assunto."

Dra. Maria Letícia explica que em muitos casos o paciente acaba não retomando sua vida sexual por uma série de motivos: depressão; medo de desencadear algum problema (no próprio infartado ou no cônjuge) ou pelo desconhecimento e falta de orientação adequada. "As pessoas não trazem isto para o médico. Em sua vida particular, começam a evitar o sexo. Nenhum dos cônjuges fala com o outro sobre o assunto, mas - inconscientemente - eles tomam esta atitude", lembra a médica.

Recomendações - Um fator preponderante

De acordo com a especialista, existem poucos trabalhos escritos sobre a atividade sexual do cardiopata. "São poucos relatos desencadeando morte. Isto é um caso raro", afirma salientando que - pelo que se sabe - alguns cuidados devem ser tomados pelo paciente antes da volta à prática sexual: não deve ser feita após uma grande refeição; não se deve ingerir bebida alcóolica (em qualquer quantidade); a relação deve ser estável e segura, ou seja, com parceiro fixo em ambiente familiar. Isto se deve ao fato do trabalho cardíaco ser maior em atividades extraconjugais ou em locais não familiares ou habituais e, também, a alguns fatores inerentes a este tipo de relação: o medo da falha por parte dos homens gerando estresse e a novidade no relacionamento. Também em relação ao público masculino, que tem procurado a auto-medicação em busca da garantia de um melhor desempenho. "Em muitos casos, acabam utilizando medicamentos que não são adequados ao seu quadro cardiovascular".

O cardiologista auxilia a retomada da vida sexual do casal através de sua orientação garantindo, após a avaliação cardiovascular, a segurança da prática sexual do casal. "Após o infarto, existe uma diminuição da libido do casal. A palavra do especialista ajuda no sentido do reestabelecimento da vida normal do casal com sua vida sexual, devolvendo a auto-confiança aos cônjuges e auxiliando na reconstrução do relacionamento familiar", afirma a cardiologista destacando a existência de um tabu em torno do cardíaco. "Estas pessoas não são inválidas. Após o tratamento, podem retomar sua vida normal". Segundo a médica, o paciente deve estar atento a quaisquer sintomas que possam aparecer durante a relação e procurar o médico. "A falta de preparo físico e a ansiedade da volta à prática sexual podem gerar palpitações e cansaço, que não representam problema cardíaco. No entanto, caso seja detectado algum sintoma de alteração importante, o paciente será tratado para prosseguir com sua vida normal e saudável".

Acompanhamento

De acordo com a cardiologista, para cada caso o especialista determinará a necessidade ou não de acompanhamento cardiológico - mais freqüente nos primeiros meses e com intervalos maiores após um ano. "Surgindo sintomas, as pessoas tem que procurar o cardiologista. No entanto, muitas não procuram. O paciente possui vários temores neste sentido: medo da restrição da atividade sexual por parte do médico; medo de que, ao falar com o especialista, seu parceiro se sinta culpado; medo de não ser capaz de reestabelecer o relacionamento que havia anteriormente. O paciente corre um grande risco por não procurar o especialista. São medos e riscos desnecessários". Neste sentido, segundo a médica, é interessante para o benefício do casal e do relacionamento que esta consulta cardiológica fosse feita pelos dois cônjuges. Orientação e informação são extremamente necessárias, finaliza a médica.

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