Por Patricia Reaney

LONDRES – Mães ansiosas que são superprotetoras para com suas filhas podem ser um importante fator contribuinte para a anorexia quando as meninas se tornam adolescentes, informaram na última semana psiquiatras britânicos.

O estudo destes psiquiatras sobre garotas com distúrbios alimentares mostrou que muitas das mães estavam muito ansiosas durante a gravidez e nos primeiros anos da infância de suas filhas, e um quarto delas teve um aborto ou feto natimorto anteriormente.

"Estas mães são tão estressadas e mal resolvidas emocionalmente a respeito da perda de sua primeira criança que elas projetam seus medos muito intensamente na relação com seus filhos," disse o Dr. Philip Shoebridge em uma entrevista por telefone.

O psiquiatra de crianças e adolescentes do Serviço Nacional de Saúde de North Bristol na costa oeste da Inglaterra disse que o sentimento materno é muito justificável após esta perda, mas este comportamento é muito difícil para a criança que nasceu depois.

"Esta situação é um fator contribuinte de um distúrbio muito complicado que é útil reconhecer terapeuticamente, e que também ajuda os psiquiatras pediátricos a avaliar os poderosos efeitos que este conjunto de experiências pode provocar na criança," disse Shoebridge.

"Existem muitas dificuldades psicológicas complicadas que todas as famílias devem intercambiar ao sofrerem este tipo de perda," ele acrescenta.

Shoebridge e seu colaborador, o Dr. Simon Gowers da Universidade de Liverpool, também encontraram que mães de adolescentes anoréticas apresentam dificuldades na transição da criança à maturidade e na independência adquirida.

Os pesquisadores compararam 40 garotas com idade média de 16.9 anos e um número igual de garotas saudáveis em um grupo controle.

Eles compararam os registros médicos e informações acerca de gestações anteriores à criança em questão e entrevistaram as mães sobre a primeira e segunda infâncias das crianças.

O estudo, que está publicado no British Journal of Psychiatry, encontrou que 25% das mães do grupo anorético sofreu um aborto ou deu à luz a um natimorto antes do nascimento da jovem em questão, quando comparados a 7.5% das mães do grupo controle.

As mães das garotas anoréticas também sofreram maior estresse quando deixaram suas filhas com uma babá pela primeira vez. Suas filhas eram muito mais velhas quando passaram o primeiro fim de semana fora de casa aos cuidados de outros adultos.

Publicado em Bibliomed Saúde em 15/02/2000

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