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Nova Enzima Pode Ser Alvo de Drogas Contra Câncer

NOVA YORK (Reuters Health) - Pesquisadores identificaram uma enzima que pode ser um possível alvo de drogas contra o câncer. Experimentos em laboratório demonstraram que um composto que bloqueia uma enzima chamada superóxido dismutase (SOD) destrói células leucêmicas, mas poupa células saudáveis.

Um dos problemas com algumas terapias de câncer é que drogas que destroem células cancerosas também podem matar células saudáveis, provocando graves efeitos colaterais. O ideal seria que drogas para tratar o câncer tivessem um efeito mais dirigido, atingindo somente células cancerosas.

Pesquisadores do Centro de Câncer MD Anderson, da Universidade do Texas, em Houston, estão desenvolvendo um composto que faz exatamente isso.

Quando eles aplicaram o composto experimental, que é um derivativo do hormônio sexual feminino estrogênio, em células leucêmicas, as células cancerosas morreram.

Quando células sanguíneas brancas, chamadas linfócitos, foram expostas ao composto, no entanto, elas sobreviveram.

Em artigo na edição de 21 de setembro da revista Nature, Peng Huang e sua equipe afirmam que o derivativo de estrogênio parece atingir as células cancerosas bloqueando a enzima SOD.

Essa enzima faz parte do sistema de defesa de uma célula contra espécies de oxigênio reativos (ROS), que são produtos resultantes do metabolismo celular.

As células precisam de ROS para viver, mas em grande quantidade podem ameaçar sua sobrevivência. De acordo com o estudo, a enzima SOD ajuda a regular as ROS, de modo que o bloqueio da enzima parece provocar a morte de células cancerosas.

Em entrevista à Reuters Health, Huang disse que a descoberta mais importante do estudo foi a identificação de um novo alvo para drogas contra o câncer.

Ele afirmou que uma terapia que bloqueie a SOD "poderia matar células cancerosas e não ser muito tóxica a células normais".

As descobertas são "estimulantes", no entanto, elas levantam uma série de questões sobre o uso de compostos bloqueadores de SOD para tratar o câncer, de acordo com John L. Cleveland e Michael B. Kastan, do Hospital de Pesquisa Infantil St. Jude, em Memphis, Tennessee.

Em um editorial acompanhando o estudo, Cleveland e Kastan destacam que outras enzimas além da SOD também podem ser bons alvos. Eles acrescentam que é necessário se compreender melhor o modo como o composto bloqueia a enzima.

Cleveland e Kastan afirmam ainda que o derivativo de estrogênio usado no estudo e outros compostos similares podem provocar efeitos colaterais tóxicos que não são detectados em testes laboratoriais.

Os pesquisadores acreditam que, mesmo que a SOD não seja um bom alvo, a pesquisa abre portas para novos estudos sobre outros tratamentos.

Sinopse preparada por Reuters Health

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