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Médicos baianos estudam formas de combate à leishmaniose

Belo Horizonte, 15 de Março de 2002 (Bibliomed). O sacrifício dos cães que transmitem a Leishmaniose Visceral Humana, também chamada popularmente de calazar, não é um recurso eficaz para o combate da doença no País. A afirmação foi feita por médicos do Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP) das Obras Sociais Irmã Dulce, na Bahia, que pesquisaram o perfil da doença, causada pelo protozoário Leishmania chagasi. O protozoário utiliza o cão como hospedeiro e o mosquito flebótomo como seu transmissor. A descoberta pode alterar completamente as políticas de combate à doença empregadas até então. Há cerca de uma década, o Ministério da Saúde vem gastando recursos para combater o calazar, realizando exames de sangue nos cães com suspeita de infecção e sacrificando quase 100 mil animais doentes por ano.

O Ministério da Saúde, por meio do Centro de Epidemiologia da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), selecionou o NAP para coordenar um novo estudo em nível nacional nos próximos meses. O objetivo do trabalho é identificar e desenvolver métodos mais adequados e eficientes para conter o avanço da doença nas regiões brasileiras. No que diz respeito à leishmaniose visceral, a situação mais crítica está no Nordeste, onde a doença alcançou índices alarmantes, concentrando 90% dos casos brasileiros. A ameaça, agora, é de que o problema chegue ao Norte e Sudeste. Em 2000, foram registrados 629 casos da doença no País. Em 2001, o número foi de 320 casos.

A primeira pesquisa feita pelo NAP acompanhou 1.173 crianças em áreas endêmicas no município de Jequié, na Bahia. Os cães infectados foram examinados e sacrificados. Mesmo assim, a redução da doença na região foi de apenas 10%, índice considerado pouco significativo.

Com o novo estudo, o desafio dos pesquisadores é descobrir ações eficazes contra o flebótomo, também chamado de mosquito palha, que é capaz de colocar seus ovos em qualquer lugar, ao contrário do mosquito da dengue, que o faz em água parada. A leishmaniose é associada à miséria. Estatísticas apontam que uma em cada vinte pessoas picadas pelo mosquito desenvolve a doença. Normalmente, o doente tem algum tipo de deficiência. Na região do Mar Mediterrâneo, próxima à Itália, França e Espanha, o índice de cães infectados é semelhante ao do interior baiano: cerca de 37%. Na Europa, entretanto, os casos da doença são mais raros, já que a população tem alimentação adequada. O problema costuma atingir pacientes com Aids, com sistema imunológico mais vulnerável.

O novo estudo do NAP, que deve durar dois anos, vai avaliar se a borrifação de inseticida é eficaz ou se precisa estar associada à eliminação dos cães doentes. O Leishmania chagasi se instala no fígado, baço e medula, prejudicando o correto funcionamento dos órgãos. A doença, que pode levar à morte, provoca palidez, anemia, aumento do volume abdominal, perda de peso significativa e febre.

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